MENSAGEM
© Soaroir Maria de Campos - Out. 21/2006
CADA UM DE NÓS
Acredita que uma força oculta seja capaz de liderar nossas vidas.
O homem mais rico da cidade não é mais o homem que manda noutros. O poder tem outros aspectos.
Um ministro religioso numa cidade do interior da Escócia, amável e bondoso que não possuía dinheiro nem fama, quando se aposentou aos 64 anos recebeu um convite do juiz eclesiástico de uma das suas antigas paróquias para ir morar junto a eles. "Nós achamos que seríamos melhores vizinhos, e nossa comunidade mais sã, se tivéssemos entre nós um homem cuja vida é tão genuína” dizia o convite.
Imagine-se, ter o poder de alterar uma comunidade inteira sendo apenas você próprio. Isso é poder.
Houve um homenzinho simples que viveu há mais de dois mil anos em Atenas, e morreu porque fazia perguntas ousadas. Escutavam-no muito poucos; contudo não há hoje uma pessoa letrada neste mundo que nunca tenha ouvido falar de Sócrates. Ou São Francisco de Assis, que renunciou a uma existência requintada para viver na pobreza, confortando os pobres e os doentes; Mohandas Gandhi, que libertou seu povo do império mais poderoso do seu tempo, sem o uso de qualquer coisa a não ser aquilo a que chamava ‘a força verdade’.
Esses indivíduos possuíam em comum o fato de falarem e agirem como eles próprios, defendendo resolutamente aquilo em que acreditavam. Eles possuíam a pureza interior das pessoas fiéis aos seus ideais. Eram autênticos.
Embora críticos acusem a filosofia do seja você mesmo de ser conducente ao egoísmo, à autenticidade, porém, não faz isso; provém do âmago da vida de uma pessoa, mas não se autocentraliza. Ela estabelece um exemplo precioso para as outras pessoas e fá-las agir. É esse seu poder isento de astúcias, e está ao alcance de nós.
O conceito de que devíamos conhecer-nos e ser nós mesmos existe desde a primeira vez que um ser humano se perguntou: “Quem sou eu?” Sócrates ensinou-nos que “conhecer-se a si próprio” é a base de todo o conhecimento; Shakespeare escreveu: “Sê fiel ao teu próprio eu..., pois, assim não poderás ser falso com homem nenhum".Como todas as grandes idéias, o conceito sobe e desce com as marés históricas. Parecemos estar sempre perguntando: - “Como poderei dar um significado à minha vida?".
A autenticidade faz com que a vida de cada pessoa tenha significado, devolvendo o poder ao indivíduo. Sermos nós próprios é um poder natural, humano e universal que traz consigo uma cornucópia de bênçãos.
Muitas das nossas instituições são dirigidas por pessoas autênticas, que sobem porque outras são para elas atraídas, as admiram e seguem os seus exemplos. Vejamos um homem de negócios correto que chegou ao topo, ultrapassando outros mais espertos. Por que? Os seus assessores poderão dizer que ‘ele é mais leal’, ou que tem uma ‘visão’ mais ampla, mas há algo mais que isso. Ele possui uma força interior, irradia confiança. Honesto por instinto, jamais enfraquece a sua autoridade moral com compromissos desonestos. Essa sinceridade é um dos atributos principais das pessoas autênticas, mas há outros:
Um sentido de direção. As pessoas autênticas reconhecem a direção que as suas vidas devem seguir. Quando o grande médico missionário Albert Schweitzer era menino, um amigo desafiou-o a subirem os morros para matar passarinhos. Albert hesitou, mas, com receio de que se rissem dele, foi. Chegaram perto de uma árvore sobre a qual um bando de avezinhas cantava, e os meninos muniram de pedras os seus estilingues. Então, os sinos da igreja começaram a repicar, misturando a sua música ao canto das aves. Para Albert, eram vozes celestiais. Espantou os pássaros e foi para casa. A partir desse dia, para ele, o respeito pela vida tornou-se mais importante que o receio de ser alvo de zombaria. Suas prioridades tornaram-se claras.
Energia autogerada. A fadiga é sintoma comum nas pessoas que reprimiram o seu próprio eu; elas não estão verdadeiramente fatigadas, mas cansadas de. Alguns mal conseguem colocar um pé na frente do outro. “A sensação de perda muscular é na verdade uma sensação de perda do poder por parte da alma”, dizem psicoterapeutas.
Também nós nos sentimos muitas vezes cansados, não por ‘perda de força muscular’, mas pelo esforço de não sermos nós próprios. Somos atores tentando impressionar outras pessoas. É uma situação bem complicada.
Ao contrário, a pessoa autêntica não esbanja energia em contradições. A sua honestidade nata reduz os conflitos internos, e ela sente-se viva, estimulada. Gera energia quando faz aquilo que é importante para si; não esbanja energia em conflitos ou mentiras.
O poder do exemplo. As pessoas autênticas também mobilizam as energias das outras, inspirando-as. Sendo apenas elas próprias, mostram o que deve ser feito.
Durante a ocupação francesa do Saar, na década de 1920, quando os ânimos alemães estavam exaltados pelas notícias dos excessos praticados pelas tropas coloniais negras, Roland Hayes, um grande cantor negro, viu-se frente a um auditório hostil e barulhento, em Berlim. Durante quase 10 minutos, ele se manteve ao piano, calado e decidido, aguardando o fim das vaias. Então, fez sinal ao seu acompanhante e começou a cantar suavemente a peça de Schubert “Du Bist die Ruhe” (Tu és a Paz). Às primeiras notas da canção, fez-se silêncio na multidão furiosa. Continuando Hayes a cantar, a sua arte transcendeu a hostilidade e produziu-se uma comunicação profunda entre o cantor e o público.
O poder do amor-próprio. Uma pessoa que se respeite e valorize tem muito mais facilidade em fazer o mesmo às outras. Quando não temos certeza de quem somos, não estamos à vontade. Antes de falarmos, tentamos descobrir o que a outra pessoa gostaria que disséssemos ou fizéssemos. Quando estamos inseguros, nosso relacionamento com os outros não é regido por aquilo de que eles precisam, mas pelas nossas necessidades. Quantas uniões estão implantadas nessa fragilidade! As pessoas autênticas, por outro lado, estão ali, não apenas para si próprias, mas também para os outros. Não desperdiçam as suas energias tentando proteger um ego instável.
O poder do espírito. Ninguém consegue criar poder espiritual apenas querendo, mas ele parece vir freqüentemente aos que estão mais centrados no eu profundo, onde começa a descoberta. Penso em Martin Luther King, Jr., caminhando entre porretes e cães latindo, até Selma, no Alabama, e galvanizando uma imensa multidão no Washington Mall. Era impossível ficar junto dele algum tempo sem compreender que o espírito era a fonte onde ele ia buscar as respostas da sua vida. Poucos de nós podem ser grandes líderes, mas qualquer pessoa honesta consigo propicia o seu acesso a esse poder do espírito.
Lutar pela autenticidade não é fácil. É um esforço que dura a vida inteira, e nunca ninguém o consegue plenamente. É mais um tornar-se do que um ficar, algo que aprendemos dia a dia. Eis alguns modos de começar:
- Preste atenção ao que se está passando em sua vida, interior e exterior.
- Aceite a idéia de que nada está errado com o fato de você ser diferente dos outros.
“Cada um de nós”, escreveu o filósofo Paul Weiss, “é um ser único que se confronta com o resto do mundo de uma maneira única". Descubra suas convicções mais profundas e defenda-as. Viva segundo elas.
- Passe algum tempo consigo mesmo.
A solidão está no âmago do autoconhecimento, porque é quando estamos sós que aprendemos a distinguir o verdadeiro do falso, o trivial do importante, o necessário do urgente, o precisar do querer. “A solidão”, disse Nietzche, “torna-nos mais duros em relação a nós e mais brandos em relação aos outros".
Tal como a desintegração do átomo, a abertura do ego faculta o acesso a um poder oculto. A autenticidade é uma força sensibilizante e abençoada. Ela vem com o sentirmo-nos à vontade conosco e, por conseqüência, à vontade no universo. É a maior força do mundo – o poder de sermos nós próprios.
Tens meu abraço e voto!
(Adaptado do texto de Ardis Whitman "Sublime ventura de sermos nós próprios")
(Esta mensagem foi enviada ao Presidente Lula e recebi a resposta do Planalto via e-mail em 08/11/06)
CADA UM DE NÓS
Acredita que uma força oculta seja capaz de liderar nossas vidas.
O homem mais rico da cidade não é mais o homem que manda noutros. O poder tem outros aspectos.
Um ministro religioso numa cidade do interior da Escócia, amável e bondoso que não possuía dinheiro nem fama, quando se aposentou aos 64 anos recebeu um convite do juiz eclesiástico de uma das suas antigas paróquias para ir morar junto a eles. "Nós achamos que seríamos melhores vizinhos, e nossa comunidade mais sã, se tivéssemos entre nós um homem cuja vida é tão genuína” dizia o convite.
Imagine-se, ter o poder de alterar uma comunidade inteira sendo apenas você próprio. Isso é poder.
Houve um homenzinho simples que viveu há mais de dois mil anos em Atenas, e morreu porque fazia perguntas ousadas. Escutavam-no muito poucos; contudo não há hoje uma pessoa letrada neste mundo que nunca tenha ouvido falar de Sócrates. Ou São Francisco de Assis, que renunciou a uma existência requintada para viver na pobreza, confortando os pobres e os doentes; Mohandas Gandhi, que libertou seu povo do império mais poderoso do seu tempo, sem o uso de qualquer coisa a não ser aquilo a que chamava ‘a força verdade’.
Esses indivíduos possuíam em comum o fato de falarem e agirem como eles próprios, defendendo resolutamente aquilo em que acreditavam. Eles possuíam a pureza interior das pessoas fiéis aos seus ideais. Eram autênticos.
Embora críticos acusem a filosofia do seja você mesmo de ser conducente ao egoísmo, à autenticidade, porém, não faz isso; provém do âmago da vida de uma pessoa, mas não se autocentraliza. Ela estabelece um exemplo precioso para as outras pessoas e fá-las agir. É esse seu poder isento de astúcias, e está ao alcance de nós.
O conceito de que devíamos conhecer-nos e ser nós mesmos existe desde a primeira vez que um ser humano se perguntou: “Quem sou eu?” Sócrates ensinou-nos que “conhecer-se a si próprio” é a base de todo o conhecimento; Shakespeare escreveu: “Sê fiel ao teu próprio eu..., pois, assim não poderás ser falso com homem nenhum".Como todas as grandes idéias, o conceito sobe e desce com as marés históricas. Parecemos estar sempre perguntando: - “Como poderei dar um significado à minha vida?".
A autenticidade faz com que a vida de cada pessoa tenha significado, devolvendo o poder ao indivíduo. Sermos nós próprios é um poder natural, humano e universal que traz consigo uma cornucópia de bênçãos.
Muitas das nossas instituições são dirigidas por pessoas autênticas, que sobem porque outras são para elas atraídas, as admiram e seguem os seus exemplos. Vejamos um homem de negócios correto que chegou ao topo, ultrapassando outros mais espertos. Por que? Os seus assessores poderão dizer que ‘ele é mais leal’, ou que tem uma ‘visão’ mais ampla, mas há algo mais que isso. Ele possui uma força interior, irradia confiança. Honesto por instinto, jamais enfraquece a sua autoridade moral com compromissos desonestos. Essa sinceridade é um dos atributos principais das pessoas autênticas, mas há outros:
Um sentido de direção. As pessoas autênticas reconhecem a direção que as suas vidas devem seguir. Quando o grande médico missionário Albert Schweitzer era menino, um amigo desafiou-o a subirem os morros para matar passarinhos. Albert hesitou, mas, com receio de que se rissem dele, foi. Chegaram perto de uma árvore sobre a qual um bando de avezinhas cantava, e os meninos muniram de pedras os seus estilingues. Então, os sinos da igreja começaram a repicar, misturando a sua música ao canto das aves. Para Albert, eram vozes celestiais. Espantou os pássaros e foi para casa. A partir desse dia, para ele, o respeito pela vida tornou-se mais importante que o receio de ser alvo de zombaria. Suas prioridades tornaram-se claras.
Energia autogerada. A fadiga é sintoma comum nas pessoas que reprimiram o seu próprio eu; elas não estão verdadeiramente fatigadas, mas cansadas de. Alguns mal conseguem colocar um pé na frente do outro. “A sensação de perda muscular é na verdade uma sensação de perda do poder por parte da alma”, dizem psicoterapeutas.
Também nós nos sentimos muitas vezes cansados, não por ‘perda de força muscular’, mas pelo esforço de não sermos nós próprios. Somos atores tentando impressionar outras pessoas. É uma situação bem complicada.
Ao contrário, a pessoa autêntica não esbanja energia em contradições. A sua honestidade nata reduz os conflitos internos, e ela sente-se viva, estimulada. Gera energia quando faz aquilo que é importante para si; não esbanja energia em conflitos ou mentiras.
O poder do exemplo. As pessoas autênticas também mobilizam as energias das outras, inspirando-as. Sendo apenas elas próprias, mostram o que deve ser feito.
Durante a ocupação francesa do Saar, na década de 1920, quando os ânimos alemães estavam exaltados pelas notícias dos excessos praticados pelas tropas coloniais negras, Roland Hayes, um grande cantor negro, viu-se frente a um auditório hostil e barulhento, em Berlim. Durante quase 10 minutos, ele se manteve ao piano, calado e decidido, aguardando o fim das vaias. Então, fez sinal ao seu acompanhante e começou a cantar suavemente a peça de Schubert “Du Bist die Ruhe” (Tu és a Paz). Às primeiras notas da canção, fez-se silêncio na multidão furiosa. Continuando Hayes a cantar, a sua arte transcendeu a hostilidade e produziu-se uma comunicação profunda entre o cantor e o público.
O poder do amor-próprio. Uma pessoa que se respeite e valorize tem muito mais facilidade em fazer o mesmo às outras. Quando não temos certeza de quem somos, não estamos à vontade. Antes de falarmos, tentamos descobrir o que a outra pessoa gostaria que disséssemos ou fizéssemos. Quando estamos inseguros, nosso relacionamento com os outros não é regido por aquilo de que eles precisam, mas pelas nossas necessidades. Quantas uniões estão implantadas nessa fragilidade! As pessoas autênticas, por outro lado, estão ali, não apenas para si próprias, mas também para os outros. Não desperdiçam as suas energias tentando proteger um ego instável.
O poder do espírito. Ninguém consegue criar poder espiritual apenas querendo, mas ele parece vir freqüentemente aos que estão mais centrados no eu profundo, onde começa a descoberta. Penso em Martin Luther King, Jr., caminhando entre porretes e cães latindo, até Selma, no Alabama, e galvanizando uma imensa multidão no Washington Mall. Era impossível ficar junto dele algum tempo sem compreender que o espírito era a fonte onde ele ia buscar as respostas da sua vida. Poucos de nós podem ser grandes líderes, mas qualquer pessoa honesta consigo propicia o seu acesso a esse poder do espírito.
Lutar pela autenticidade não é fácil. É um esforço que dura a vida inteira, e nunca ninguém o consegue plenamente. É mais um tornar-se do que um ficar, algo que aprendemos dia a dia. Eis alguns modos de começar:
- Preste atenção ao que se está passando em sua vida, interior e exterior.
- Aceite a idéia de que nada está errado com o fato de você ser diferente dos outros.
“Cada um de nós”, escreveu o filósofo Paul Weiss, “é um ser único que se confronta com o resto do mundo de uma maneira única". Descubra suas convicções mais profundas e defenda-as. Viva segundo elas.
- Passe algum tempo consigo mesmo.
A solidão está no âmago do autoconhecimento, porque é quando estamos sós que aprendemos a distinguir o verdadeiro do falso, o trivial do importante, o necessário do urgente, o precisar do querer. “A solidão”, disse Nietzche, “torna-nos mais duros em relação a nós e mais brandos em relação aos outros".
Tal como a desintegração do átomo, a abertura do ego faculta o acesso a um poder oculto. A autenticidade é uma força sensibilizante e abençoada. Ela vem com o sentirmo-nos à vontade conosco e, por conseqüência, à vontade no universo. É a maior força do mundo – o poder de sermos nós próprios.
Tens meu abraço e voto!
(Adaptado do texto de Ardis Whitman "Sublime ventura de sermos nós próprios")
(Esta mensagem foi enviada ao Presidente Lula e recebi a resposta do Planalto via e-mail em 08/11/06)
Soaroir
Enviado por Soaroir em 21/10/2006
Reeditado em 10/11/2006
Código do texto: T269877
Reeditado em 10/11/2006
Código do texto: T269877
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