Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06

terça-feira, 30 de abril de 2013

Para Mãe

Air Mail

By Soaroir 26/8/08
com foto "in" pote de Poesias:
http://pote-de-poesias.blogspot.com
 
 
coleção "Perdidos na Net)



Diga-me mãe, como é fazer 95 anos?
Seu aniversário é só amanhã, mas assim
esta lhe chegará com os primeiros raios do Leste.
Por aqui tudo na mesma, inclusive a carestia.
Tudo pelos olhos da cara – me diga como está aí?
As crianças, já crescidas, formadas e casadas,
agora chorando menos, aproveitam e mandam lembranças.
Eu é que ando um pouco cansada, mas isso logo vai passar
assim que eu tomar juízo e o remédio da pressão
que vive no sobe e desce. Diga-me mãe, e a sua já melhorou?

Lembra-se daqueles improvisos de versos que você fazia?
Pois é, agora ando treinando, até arrisco umas poesias:

Você não precisa de um papel para saber
o que tenho pra dizer - mas não fique triste
se eu demorar muito para lhe escrever
sobre nossas boas novas e alguns chistes.

Todos de sua casa agradecem as bênçãos recebidas
e enviam em oração um punhado de beijos e abraços
para você, papai, vó Mila, tio Tião, Anízia e toda a parentada.

Contando com seu perdão por qualquer coisa mal-falada,
me despeço por enquanto. Só uma coisa aqui não vai
poder ser enviada – é o meu “parabéns” porque você já morreu.
Diga-me mamãe - eu estou perdoada?
 
 
 
 por Soaroir em 26/08/2008
Código do texto: T1147094
Classificação de conteúdo: seguro

sábado, 20 de abril de 2013

Amor de Cartas

Fragmento de "Antologia de Junho" 
 http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/1060567.pdf?1214955406


Um amor de repente
© Soaroir Maria de Campos
Junho 24/08

Cartas todas são ridículas
Até mesmo as de Caminha
Mas de amor é outra coisa
Haja visto aquelas minhas.
Fora, não jogo nenhuma
São traçadas bem as linhas
De um tempo bem vivido
João com sua Maryzinha.
Como tudo tem seu fim
E eu não fui sua rainha
Guardo todas suas cartas
Abraçadas por fitinhas.
Quero antes de eu morrer
Mudar essa ladainha:
“Amor de carta é ridículo”
Haja visto aquelas minhas.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Rascunhos


I

Quando havia um jardim no terraço
O quê aguar, esperar pra nascer

A  vida parecia crescer

Com maior desembaraço...
 
II


Omitir-se também é uma decisão
 

 
 
 
 
Quando havia um terraço e um jardim
(no jardim um terraço)

Eu tinha a quê aguar, me dedicar
(o que aguar e esperar)
 

Cuidar e esperar...

Vejo nada mais nascer

Só as pobres mudas roubadas

E em potes enfincadas.

domingo, 14 de abril de 2013

Se Eu não Fosse Quem Sou

(Versão 2013)


Radicais Livres
By Soaroir


Se eu não fosse quem sou,
e se me dado opção -
nasceria em Cruz Alta,
ou em algum lugar das Highlands.
Olharia o mundo por escancaradas janelas;
entenderia melhor as névoas, as neblinas
sobre os verdes plainos perfumados
pelos lírios do campo.
Ainda... seria rainha dos Icenos
e me chamaria Boudica.
Se eu não fosse como eu sou,
viveria perplexa -
diante dos mil cérebros - 
não atravessaria a rua
para ver meus sonhos de perto.


Reedição de
(Emblema de Taberna)
By Soaroir
Março 31/2012

(http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=245783#ixzz31yDqH0SC)

"não é um mau texto, apesar dos adjetivos e da ordem inversa; no entanto, isso vai a gosto. os adjetivos, em minha opinião, deixam o texto um pouco artificial. já a ordem inversa da frase "escancaradas janelas", que agora já nem sei se é ordem inversa porque me foge da mente a regra, creio que tira um pouco a fluidez do poema. achei-o interessante, no fim das contas, pois as imagens são bonitas.
abraço"

Resposta de Soaroir: "Caríssimo, obrigada pela visita e ricos comentários.
No entanto, meus substantivos não seriam radicais, tampouco livres... Salut!"



-x-x-x-x

Eu Sou
soaroir Fev.19/08
Para o que sou não há desculpas
Nem culpados, responsáveis
Pelos acertos nem os tropeços
No palco da intenção das alegrias;
Hoje apagadas as circunstâncias,
Sou a lembrança que ficou na memória
Emersa como pessoa melhorada,
Eu sou uma desfaçada
Pela inferência das aleivosias;
Sou aquela que sai para dentro
Para então entrar pra fora, sem dó
E nenhuma auto piedade.

Duas Faces

(Coleção Perdidos na Net)

Personas

Soaroir Maria de Campos
13/3/07
Código do texto: T411332

 
 

Num dia sou talento
No outro aptidão
Um lado é poeta
O outro pontuação.

Um lado é de Eco
O outro lado é preciso
Um lado é de espelho
O outro lado é Narciso.

Um é experiente
Enquanto o outro é desprovido
Um é exuberante
Num outro ser recolhido.
Soaroir Maria de Campos
13/3/07
Código do texto: T411332

sábado, 13 de abril de 2013

A Verdade não está la fora

pintura ©Tuca/CSL

(Coleção Perdidos na Net)

A Verdade não está lá fora
Soaroir de Campos
São Paulo - 10-10-10


       

Preciso me dizer algumas verdades

Não vem de ninguém a dor
- minha tristeza!

Não vem de ninguém
Esse vício triste da má sorte
Como a da pomba que se debate
Nas afiadas garras do falcão

Andam por ai espalhadas - respostas
Às vítimas do próprio Tártaro
Cuja verdade não está lá fora...

exercício para "Poesia on-line"
mote: a verdade está na cara


continua...


Projeto de Prefácio
Mário Quintana


Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras

Perfil - Alegria

(Coleção "Perdidos na Net")


Perfil

© Soaroir 25/5/08
Mote "alegria"

imagem google/dragaodomar


















Da vida peço pouco,

A alegria me basta.

Não quero nada além

De ser palhaço...