Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06

sábado, 31 de dezembro de 2011

Perdido na Net XXI

©A felicidade, segundo Soaroir
27/7/07- 15h





Introdução:

É obra de engenharia
Construída pelo homem
Regida pela necessidade
De toda a humanidade.

Deve ser antes bem analisada
O preço nem sempre é razoável
Pra evitar desmoronar inteira
O material tem que ser de primeira.

É necessário perfuratriz
Na construção que envolve
Adequada estrutura, dimensão
E projeto para longa duração.

Não serve solo inconsolidado
Tampouco rocha sedimentar
Com a porosidade há fissura
Deixa sem suporte a estrutura

Necessária é ser profunda
Ter boa capacidade de vazão
Mesmo quando toda revestida
Sua meta não é comprometida

Conclusão:

A felicidade é uma cacimba
Alimentada por solo argiloso
Do leito de águas subterrâneas
Acumuladas num espaço vazio.


(republicação)
Soaroir

Cantiga de Ano Novo

Cantiga pro Ano Novo
By Soaroir




Feliz Ano Novo, Feliz Ano Novo
Famílias, amigos e colegas, também
Brindemos com todo esse povo
O velho e o novo no ano que vêm
Juntos erguendo o provo
Da taça onde somos alguém
Que se cai levanta de novo
Mais forte e dizendo amém!


Soaroir
RL por Soaroir em 23/12/2009
Código do texto: T1992096

Perdido na Net XX

Trégua de Natal
(um breve rascunho)
Soaroir
9/12/10

Troquei o tênis por uma sandália rasteira que por desusança me faz caminhar mais lentamente “Quinze dias para a Noite de Natal” ouvi enquanto atravessava o farol a caminho de mais um compromisso de factotum.

Suando em bicas acabo de chegar do supermercado e diferentemente da falta de umidade do ar, percebi os olhos marejantes de compaixão e bondade das pessoas, como se de repente um dispositivo regulado para ligar somente nesta época fosse ativado. Involuntária reprodução de reação alheia que se espalha e contagia.

Chega a ser sinistro a repentina gentileza dos transeuntes que param de dar esbarrões uns nos outros; ajudam os idosos a carregarem seus pesos; jogam as guimbas na lixeira; recolhem o cocô de seu cachorro. Quanta solicitude... Percebi que deixei de ser transparente para os funcionários do meu condomínio. O porteiro até me ajudou com as compras, abriu o portão que normalmente, quando com as mãos ocupadas, preciso empurrar com os pés.

Caso pensem que vou cotizar naquela caixinha de final de ano, se enganam. Estou entre aqueles que recompensam o bom atendimento e não o compra.

Mas vamos lá. Invoquei a minha alma poética e considerando o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a ser comemorado amanhã, 10 de dezembro, comecei por mim, indagando por que permitimos sentir o que o outro desperta em nós. E o que será que despertamos no próximo para mudar de atitude displicente para respeito e consideração somente na aproximação do Natal?

Seria medo do castigo de Deus, interesse material ou porque nesta época as pessoas largam seus saltos altos e tênis e andam mais devagar?

Aqui diante deste teclado e de pés no chão me lembro do John “tudo o que estamos dizendo é: dê uma chance a Paz” - mesmo que seja só por trinta e um dias dos 365.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Perdido na Net XIX

Árcades Medos

Nesta difícil tarefa de ir do medo ao texto, ressabiado exumo os medos de outras cercanias, onde desde cedo fui assíduo freguês. Saudosos aqueles medos quando a pesca de piaba era feita com juquiá, diferentemente dos assombros que aqui vimos gritar. Os medos que lá consumíamos nos ajudavam a criar, arte, fantasias e sonhos que apenas restaram para contar. Aqueles bem-fazentes temores que nos deixavam mais contentes a cada despertar, não surgiam de assalto nem de bandos, tampouco de vizinhos que eram como se parentes.

Do boitatá e do saci foram os primeiros medos que consumi, depois o da mãe d’água, o da mula sem cabeça e o do lobisomem. Conforme ia crescendo, o medo outro rumo ia tomando até chegar nos fantasmas dos vivos conhecidos que morriam de velhice, que escondidos no escuro debaixo de nossas camas, faziam a gente correr pra nosso refúgio protetor, sob um amplo cobertor.

Tirando o bicho papão escondido no velho apagão, para demais temores sempre havia solução. Para o medo da inveja, mal olhado e quebranto a gente sempre se valia, além de muita oração, d´um banho de alecrim silvestre com folhas de guararema e ai, era o medo quem se amedrontava.

Até mesmo os papa-fumos, que sobrevoavam as vertentes, me eram medonhos, quando, sob um sol escaldante que ainda não se temia, a gente ia buscar água para beber e dar de beber às cabras.

Da morte medo não havia, pois a coisa que se matava era a fome com taioba e mostarda brotadas do excremento que dos passarinhos caia. Outras coisas se compravam, não se roubava e vendia; o pecado da cobiça e escassezes eram medos que ninguém lá conhecia.

Medos que mães sentiam eram da infância doençaria. Sarampo, febre alta e coqueluche que, para a proteção, recorriam aos chás das folhas de laranja da china e da cidreira, ao caldo de galinha e às benzedeiras; era com essa milagraria que as mães nos defendiam. Dos venenos que mais elas temiam eram o da picada de cobra e o dos frutos que os filhos comiam, como arrebenta-cavalo e do mato outras porcarias.

Com os perigos bem vigiados e com o futuro por Deus garantido, o pior de todos os medos era o da vara de marmelo, quando boa coça se levava se em confusão a gente se metia. Meu mundaréu de medo de outrora não dou, nem vendo ou troco por este pavor de agora; por este ódio de gente que dispara a besteira da ganância e da vingança brutal, que nos vitima e nos responsabiliza por sua deformação ancestral, suas deficiências mental, ética e social.

Publicado com imagem em:
Pote de Poesias
e Ecos da Poesia
Soaroir
Enviado por Soaroir em 08/04/2007
Reeditado em 09/04/2007
Código do texto: T442103

Eterno, só a Fome

Reedição


"The Litle Hunter" Analua Zoé

Soaroir
19/7/09
(Num dia triste)


nunca soube nada de eternidade
na véspera, eu acordei órfã
no dia, sai para sobreviver
não brinquei na furta-cor das balebas
no chão batido pelo jogo de malhas
que o destino em meu caminho jogou
retorno sempre, como um pequeno caçador
sempre aprendiz nas escolas convividas
com vida - e imaginários amigos a comer

a caça não caçada, mas apanhada
pela fome
por mais um dia
entre outros mortos.

Extrato de Olivia

Extrato de Olivia

By Soaroir 8/7/09
 
          (“Nous autres, artistes, somes des olives. Pressez-nos."
             James Joyce)




bem cultivada
desde a semeadura
cresceu Olivia Oliveira
admirada formosura
para no fim ser esmagada
extraída toda a essência
depois de ficar madura
no processo... (demorado)
perdeu todo o amargor -
deu luz às lamparinas
e ganhou melhor sabor.
Olivia Oliveira...
das sombras, frutos e engaços
ao extrato... só proveito -
da semente ao bagaço...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Abrindo Caminhos

Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos,
como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão...
(Saint-Exupéry)




Literatura Ligeira

A Poesia Suspira por uma Bala





By Soaroir 30/4/09






 Mesmice

Literatura ligeira, poesias fragmentadas
“eus” que não se sustentam
em canções de lamentos
E o poeta...
arauto de alma enregelada
robô, sabotador de palavras
ditas que tantas vezes re-edita
medíocres pinturas de ícones.
A poesia suspira...
por uma bala e ressurgência
em uma performance mais notável.

..........xx..........


  Poética


De Bandeira é a Poética
Que eu queria fosse minha
Embora parecendo antiética
Acoito o purismo linguístico
Já que poesia é estética.


Eu Lírico

Meu eu lírico não é (nada) comedido
Anda em busca do que é diferente
Tem lirismo como têm os loucos
Que só mesmo um outro louco entende:


... A Pedra

- Sou teu coração endurecido
Perdido nas encostas sem saída
Só quero voltar para o teu peito
E de novo ter uma vida.

Soaroir de Campos
(Fechando mais uma Abril) e
(fragmentos de "Poesia para uma Pedra"

Soaroir
RL  por Soaroir em 30/04/2009
Código do texto: T1568526

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (©Soaroir de Campos em "link para obra original" - "data de publicação no recanto"). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Poesia para uma Pedra Versões



(Traduções diversas By Google)

Poesia para uma pedra
ποίηση σε ένα βράχο
Soaroir Πεδίο
Σάο Πάολο
-
Βραζιλία

Ήταν ακουμπισμένος ένα πόδι άκουσα
Σε απόσταση μιας επίμονες νικήσει
Αρρυθμίας και που επλήγησαν από
Μαθήματα από τον άνεμο.

Στο στήθος μου ήταν δονείται σε άλλη συχνότητα
Ρώτησα "Ποιος είναι εκεί στοίχημα;"
Με την επανάληψη έρχεται amiudada
Στο μάταια αναζήτηση για ένα πρόσωπο.

Με δεδομένη τη συνεχιζόμενη σιωπή
Έχω πέσει και μείωσε το βλέμμα του
"Μια ομιλία πέτρα», φώναξα ...
Κι εγώ σταμάτησα για να ακούσετε:

- "Θέλω την καρδιά σας ότι τίποτα δεν
Χαμένος στις πλαγιές χωρίς
Απλά θέλω να πάω πίσω στο στήθος σας
Και έχουν μια νέα ζωή. "

Soaroir ce campos
Sao Paulo - Brasile

E 'stato appoggiato un piede ho sentito
In lontananza un battito insistente
Aritmiche e colpiti attraverso
Soggetti contro il vento.

Il mio petto vibrava a un'altra frequenza
Ho chiesto 'Chi è là scommessa? "
Con ripetizione viene amiudada
Nella vana ricerca di un volto.

Dato il silenzio continua
Ho scattato e abbassò lo sguardo
"Una pietra parlante", ho pianto ...
E mi sono fermato ad ascoltare:

- "Voglio il tuo cuore che niente
Perso sulle piste senza
Voglio solo tornare al torace
E avere una vita nuova. "


Soaroir de Campos
Sao Paulo
- Brésil

Poésie pour une pierre


Il était appuyé contre un pied, j'ai entendu
Au loin, un beat insistante
Arythmique et frappés par un
Sujets contre le vent.

Ma poitrine était vibrant à une autre fréquence
J'ai demandé «Qui est là pari?"
Avec la répétition vient amiudada
Dans la recherche vaine d'un visage.

Compte tenu du silence continue
J'ai trébuché et baissa les yeux
"Une pierre de parole», j'ai pleuré ...
Et j'ai arrêté d'écouter:

- «Je veux ton coeur que rien
Perdu sur les pistes sans
Je veux juste revenir à votre poitrine
Et avoir une nouvelle vie. "


Soaroir de Campos
Sao
Paulo
- Brasil

Estaba apoyado en un pie oí
A lo lejos un ritmo insistente
Arrítmicos y afectados a través de
Temas en contra del viento.

Mi pecho vibraba en otra frecuencia
Le pregunté '¿Quién hay apuesta? "
Con la repetición se amiudada
En la vana búsqueda de un rostro.

Ante el silencio continuó
Tropecé y bajó la mirada
"Una piedra parlante", me gritó ...
Y me detuve a escuchar:

- "Quiero tu corazón que nada
Perdido en las pistas sin
Sólo quiero volver a tu pecho
Y tener una nueva vida. "


Soaroir de Campos
Sao Paulo - Brazil


He was
leaning against a foot I heard
In the distance an insistent beat
Arrhythmic and stricken through
Subjects against the wind.

My chest was vibrating at another frequency
I asked 'Who is there bet? "
With repetition comes amiudada
In the vain search for a face.

Given the continued silence
I tripped and lowered his gaze
"A talking stone", I cried ...
And I stopped to listen:

-
"I
want your heart that nothing
Lost out on the slopes without
I just want to go back to your chest
And have a new life. "

POEMA ORIGINAL:
Poesia para uma pedra
Soaroir de Campos

Foi recostada num sopé que ouvi
Ao longe um insistente batimento
Descompassado e meio aflito
Assuntei contra a direção do vento.
Meu peito vibrava noutra freqüência
Perguntei “quem está aí aposto?”
Com amiudada repetição sai
Na vã busca por um rosto.
Diante do silêncio continuei
Tropecei e abaixei o olhar
“Uma pedra falante!”, exclamei...
E parei para escutar:
- “Sou teu coração que nada deseja
Perdido nas encostas sem saída
Só quero voltar para o teu peito
E de novo ter uma vida”.
Soaroir

 por Soaroir em 08/04/2009
RL Código do texto: T1528527
Soaroir
Reeditado em 28/12/2011
Código do texto: T3400466

domingo, 25 de dezembro de 2011

Perdido na Net XVIII

Lira dos Namorados
© Soaroir de Campos - 12/6/09
http://www.pote-de-poesias.com/





imagem/Net


O tempo chegará
quando você com semblante terno
e o corpo já meio cambaleante
ao ritmo de um sentido/mento estranho
embalará a aurora farejante, confinada,

que volta do ontem

e bate à sua porta,
pedindo para namorar,

você esse ser experimentado
e tão pouco namorado.

Convide-a para entrar
sirva-lhe um chá
inicie um outro novo passado
adoçado com o presente.
Se, e quando chegar a sua aurora,
num outro dia dos namorados,
não se amofine
pode vir me procurar ...

© Soaroir 12/06/2010
 
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (© Soaroir Maria de Campos em "link para obra original" - "data de publicação no recanto"). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.                   
 

Perdido na Net XVII

Não corra atrás das borboletas II
© Soaroir de Campos
São Paulo - Out.28/10


mote: "O que se foi se foi"



cativante Butterfly
de radiantes escamas

de passagem, talvez cansada
ou em vôo errante, pousou

admirada eu sorri parada
a saudei com uma piscadela
e ela, com especial deferência
disse em código de borboletas:

— agora tenho que partir
a vida é muito curta para ficar
choramingando em seu jardim

sem olhar para trás partiu...
Soaroir
Enviado por Soaroir em 28/10/2010
Código do texto: T2583160

Perdido na Net XVI

Cruz de Vidro
By Soaroir

ao oco do mundo me remetes
ó ilusão de parecer-me gente
importante junto aqueles entes
enaltecedores de meus sobejos

enquanto as carnes e os dentes
abocanhavam as mesas fartas
entre afagos no leito quente
de meu soberano viço

santa... santa expiação!
que persigna com a cruz da escora
da fronte ao peito os dias bentos
resilidos glacialmente agora

temporário flúmen que aos anjos vai
no encalço desta que se de mim aparta...


Soaroir 7/12/09
http://pote-de-poesias.blogspot.com/2009/12/cruz-de-vidro.html

sábado, 24 de dezembro de 2011

Perdido na Net XV

CARTÍSMO

BRASILEIROS EM SUEZ




UM ENVELOPE POR BAIXO DA PORTA,

UMA CARTA PENDURADA NO GRADIL...

AH ! COMO ERA BOM ESPERAR O CARTEIRO.


MENSAGEIRO ÁS VEZES ARDIL...

QUE TRAZIA CARTAS DE AMOR,

MORTE, SEPARAÇÃO OU ABANDONO,

AS NOTÍCIAS QUE SOBREVINHAM DOR,

TAMBÉM ERA ELE QUEM TRAZIA.


ANTES QUE SE DESSE POR CONTA,

DE SURPRESA ESTAVA LÁ !

ERA A MAIOR ALEGRIA...


UM CARTÃO, UM BILHETE, UMA FLOR,

ERA A MENSAGEM - NÃO IMPORTAVA,

SE DE ALEGRIA, PESAR OU AMOR.


ERA A MÃE SE PREOCUPANDO,

OU VENDO O FILHO PARTINDO;

IA UMA BLUSA DE FRIO,

VINHA O TEMPO TRICOTANDO.


AS MALHAS DA ESPERA,

DO AMOR QUE SE QUERIA REVER,

ERA MEU J... CHEGANDO,

DA I...... OU SUEZ......


- CARTEIRO ANDE LOGO !

USE DE RAPIDEZ !

QUERO PEGAR NA MÃO,

SENTIR A CALIGRAFIA,

RASGAR O ENVELOPE BEM RÁPIDO,

CHEIRAR O PAPEL DE DENTRO,

BEIJAR O BEIJO DE LONGE,

TOCANDO NA PELE SEM TEZ


CARTEIRO SE AQUIETE...

TUDO FOI ANTES DE AGORA,

ISSO JÁ É REMOTO,

É PRECEDENTE À INTERNET


SOAROIR
 Sun, 05 Feb 2006 13:04:00 GM


Olhar de Poeta

Pertinácia
Copyright Soaroir


imagem/google



Do interior crepúsculo tristonho

Deixam o pouso ocupantes medonhos

Roedores, vermes de berinjela

E o poeta (então) alavela

O desnutrido peito, estufa

As dúvidas ele arranca em tufos

E a carcaça (já) tão carcomida

Ele alimenta. Dá guarida...


Soaroir 5/9/10


1ª tentativa
se d volto



exercício para o mote:


ANÁLISE

Tão abstrata é ideia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente
E a ideia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.


Fernando Pessoa, Dezembro/1911
(O Eu Profundo e os outros Eus)

Boas Festas


Como a abelha trabalha na escuridão,
o pensamento trabalha no silêncio
e a virtude no segredo. Mark Twain

Ser criança de novo

Quando eu crescer...
Copyright Soaroir

Poeta é o que quero ser quando eu for criança
acordar num playground gigante ao lado do meu cão Rondante
rezar a Ave Maria e sairmos pelo mundo fazendo estrepolias
até chegarmos em Stratford-upon-Avon e aprender poesia

Com ela, poesia, como planta rasteira, me alastrar
nas beiradas das estradas
contar por todas as minhas vias da difícil arte de ser criança
que dos pés à cabeça, da alma ao coração sofre com as mudanças
e se perde no meio da multidão de regras e comandos
e pouca opção de manter os próprios hábitos, devoção sem censura e a fértil imaginação de ser forte como um leão, esperta como uma raposa e orgulhosa como um pavão a cada nova cor descoberta neste Paraíso

Isso. É isso que farei logo que sair do ovo. Serei um vagabundo bardo
e por todas as póleis divulgarei quanto ainda é bom - ser criança de novo...
Titulo original:
Doce Travessura
Soaroir 8/1/10
Soaroir
Enviado por Soaroir em 12/10/2011
Reeditado em 12/10/2011
Código do texto: T3272038

A não ser que você acredite...




Papai Noel não existe! © Soaroir 20/09/07 - 9:25 h

na faculdade do antes
o propósito do céu era Deus,
anjos e almas dos justos;
na lua morava s Jorge
e Papai Noel um dia viria
se bem me comportasse.
aquela mente ingênua
ficou n’outra dimensão;
por convenção evoluiu,
expandiu e somou
psicoses, neuroses,
fobias e paranóias,
travas de sonhos
que o espírito empaca
nos saberes de agora:
no céu ficam os astros
a lua é só um satélite
e papai Noel não existe.


Para poesia on-line do Recanto das Letras mote:
"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original" A. Einstein

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Silêncio


O Silêncio

By Soaroir
4/12/08

Alto, distante,
Inquietado,
Perto ou baixinho;
Que barulheira
Faz o silencio...!

("inquietado" me diz mais do que inquieto.)


"E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala o silêncio escuta... e cala." Mário Quintana)

sábado, 17 de dezembro de 2011

Cheiros de Natal









A Fada do Tempo

A fada do tempo
(provisorio)
Soaroir 4/11/10
exercício para o mote: "Era uma vez"


"o mundo nas mãos" fotografia/Filipa/google

Havia um mundo encantado
Onde cada um tinha um dom
Uns nasciam para a eloqüência
Outros, à criação dar vida
Todos sabiam qual seu lugar

Menos uma que nascera
Com defeito de aceitação

Marginal a infeliz
Parou de procurar
Naquele mundo seu lugar

Até virar a esquina do tempo
Cuja fada - encantada
Mostrou-lhe a serventia

Dos que nascem pra pensar...
volto
 
Soaroir
Enviado por Soaroir em 04/11/2010
Reeditado em 04/11/2010
Código do texto: T2596238

Resumo de uma Fábula

O Vento e a Fábula

Resumo de uma fábula
©Soaroir
21/6/08

“Vento, tu que es tão forte...
Desprende meu pezinho!?”
-É perigoso e longo o caminho...
...
“Deus, Tu que és tão forte
que governas a morte
que mata o homem
que bate no cão
que persegue o gato
que come o rato
que rói o muro
que prende o vento e
tapa o sol
que derrete a neve
que meu pezinho prende:
desprende meu pezinho!?”

- Eu sou tão forte que te tiro a fala.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Poesia para uma Pedra

Poesia para uma pedra

Soaroir de Campos


Foi recostada num sopé que ouvi
Ao longe um insistente batimento
Descompassado e meio aflito
Assuntei contra a direção do vento.

Meu peito vibrava noutra freqüência
Perguntei “quem está aí aposto?”
Com amiudada repetição sai
Na vã busca por um rosto.

Diante do silêncio continuei
Tropecei e abaixei o olhar
“Uma pedra falante!”, exclamei...
E parei para escutar:

- “Sou teu coração que nada deseja
Perdido nas encostas sem saída
Só quero voltar para o teu peito
E de novo ter uma vida”.
Soaroir
Enviado por Soaroir em 08/04/2009
Código do texto: T1528527

Perdido na Net XIV

O Poeta que em mim habita

© Soaroir 08/07/08



o poeta que em mim habita
sai da lenda e me conforta a alma
entre as “misty” Terras Altas
eternamente jovem, é nobre cavaleiro
chega das batalhas com suas conquistas
me traz um anel, uma pedra, um dedal
fala-me do Santo Graal
e me mostra a Primavera.
juntos rondamos tabernas,
rolamos sobre os verdes pastos
e adormecemos ao relento.
ainda, em mim um outro poeta habita
o volúvel, irreverente marinheiro
safado, chega de madrugada
sob minhas cobertas se aconchega
deita versos que me esqueço
na manhã seguinte, comigo navega
desbrava ilhas onde esmoreço
entre o passado e o presente
aí me perco.

às vezes me grito

São Paulo - SP
soaroir@yahoo.com.br


Quem és? Como te chamas?


Sou tantas e tão pouco!
Ao mesmo tempo, separadamente
Do quarto ao banheiro, da cozinha à sala ...
De frente, de lado, de costas
Nos bares, nos espelhos dos cafés
Nas borras do azeite
Da chávena ao caneco em punho
Num gargalo direto ou no gargarejo de um porto...
Sou um sopro na arte do vidro
Fascínio, transparência e brilho
Mistério, transcendência e leveza
Ao bel-prazer do artista.
Eu me chamo, às vezes me grito
Pelas narinas das coisas,
Nos ouvidos dos sonhos
Num vinho de muito corpo
Ou cachaça no fundo dum copo
Em alguns lugares eu me creio
Bruxa, fada, duende
Sem registro de qualquer nome
Chamo-me alquimista
A bel-prazer da artista.

copyright Soaroir 20/06/2008

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Jardim Suspenso

espasmos
Soaroir de Campos
Agosto 7, 2010

(suspensos)


na parte mais alta do ego
por ressaibos, merecimento
flutua um desconcerto
no (com o) talhe deste viajante

e o êxtase exposto
do outro lado da estrada

lá plantam rosas escarlates
aparentemente – perfumadas

em outro dialeto...


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Reindeer on Strike

Soaroir27/11/10






Perdoem-me se ando distante

Circunspecto, um tanto indiferente

Pouco ou nada sorridente


São minhas renas sobreviventes

Entre urubús, OVNIs e helicópteros...


Entraram em greve – simplesmente!

Reclamam melhores condições de vôo

Ou, neste Natal, não haverá presente...


Assinado:
Papai Noel

Papel de Natal



perdão no Natal
é concessão
bolinho de bacalhau
rabanada
gelo no faked scotch
papeis coloridos no chão
e um monte de risada -
depois da oração.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

What does Santa bring for daddies...

O que os pais querem no Natal?

Adaptação
by Soaroir - Dezembro 2008

O que Noel traz para paizinhos
muito velhos para um brinquedo?
Valises, relógios, gravatas, e suéteres
Não lhes causam mais regozijos

Quê os pais querem de Natal,
De verdade, em seus corações?
Algo tão perfeito que como crianças
Berrassem na hora de abrir os pacotes?

Oh, Papai! Existe alguma coisa
Que você queira sob a árvore de Natal?
Outra é claro, além de mim
Abrindo os meus presentes?



"What does Santa bring for daddies,
Too old to want a toy?
Wallets, watches, ties, and sweaters
Don’t make for much joy.

What do daddies want for Christmas,
Really, in their hearts?
So perfect that they’d shriek like kids
Once the shredding starts?

Oh, Daddy! Is there anything
You want beneath the tree?
Other than, of course, to watch
Me open gifts for me?"

By Nicholas Gordon

domingo, 11 de dezembro de 2011

Perdido na Net XIII

O Fôlego do Ser

© Soaroir de Campos
4/1/09

Eu, como se intrusa grama seca

Desmaranhada das farpas do arame

Da cancela que guarda ovelhas

E das caprichosas altas cercas

Contorno sob a lua as sendas

Passagens, furtivas brechas

Em farfalhas pelo vento norte

Saúdo a vida – esta maior prenda.

Arribo-me do vau dos empecilhos

Enredadas rotas de barro e de silício

Adentro a lama, se preciso, o lodo

Sorvendo gole-a-gole cada brilho

Apesar de ancinhos e de rodos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

A Viagem de Volta


Das Tripas
(Senso vs Sensação)


há em mim uma superfície polida
tolhida, patente, fria.
pele do meu agasalho -
feito do couro curtido.

das bordas desta trincheira
pra dentro,
ando a flor da pele.

giro sobre as juntas
no controle dos ligamentos...

Soaroir/Agosto 2010



do Coração
(A viagem de volta)

O tempo fez de mim a passageira
Os pés vão desenhando meus caminhos
Estreito, largo, longo; estou sem ninho
Vivendo a cada dia a dor primeira.

A pele nas batalhas dói inteira
A face não disfarça o desalinho
São rugas a compor o torvelinho
Um mapa que define tal fronteira.

O caminho se funde, tão profundo;
Esmoreço sem norte, já nem lembro,
A trincheira escavada que confundo;

E as bordas contornando vão ao centro
As rotas retornam enquanto mudo
Fecho os olhos, caminho para dentro.

Releitura por Dudu Oliveira:

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (© Soaroir Maria de Campos em "link para obra original" - "data de publicação no recanto"). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.


Perdido na Net XII

a gente vai nadando...
Soaroir 15/4/10


imagem/Net

"deixa rolar"

a vida é um aberto mar
onde navegar é preciso
se não queres afundar
faz de bóia teu sorriso

mas aprende a flutuar
o mar dá e também traga
água remos e o remar
e o sorriso ele apaga

bem evita a deriva
idem a maré profunda
o que mantém a esportiva
e segue/vai nadando de ... costa


(tô praticando verb na 2ª/imperativo - erros pf me orientem

Perdido na Net XI

Raindrops Boulevard

Das Chuvas de Bandeira
© Soaroir Maria de Campos 8/12/07 "Chuva"


Por cima da ribanceira vejo a chuva que ainda cai

Encharca chãos e soleiras em enxurrada e corredeira

Estrondam trovoadas sobre as (minguadas) raízes das cidades

Diferente da bucólica chuva de Bandeira.

A chuva que ainda cai não é a mesma chuva caída

Sonora nas telhas vermelhas de barro das cumeeiras

Escoando para a terra funda e bolindo com as folhagens.

É chuva no asfalto. Não é mais a chuva regadeira.

Sua voz é mais selvagem não lembra canções de aias

Sem ter aonde ir chuva hoje - é só água traiçoeira.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Perdão de Natal



               
Perdão Segundo Soaroir
Copyright Soaroir
8/12/2011

Se você me corta eu sangro
Até morrer se não me cuidar.

Se você se arrepende,
Talvez, eu lhe perdoe

A cicatriz não
não me deixará esquecer.

Se você me espezinha enfraqueço
Até eu poder revidar

Terei minha doce vingança...
E prazer ao lhe perdoar.

Perdido na Net X

MENSAGEM

© Soaroir Maria de Campos - Out. 21/2006

CADA UM DE NÓS
Acredita que uma força oculta seja capaz de liderar nossas vidas.

O homem mais rico da cidade não é mais o homem que manda noutros. O poder tem outros aspectos.

Um ministro religioso numa cidade do interior da Escócia, amável e bondoso que não possuía dinheiro nem fama, quando se aposentou aos 64 anos recebeu um convite do juiz eclesiástico de uma das suas antigas paróquias para ir morar junto a eles. "Nós achamos que seríamos melhores vizinhos, e nossa comunidade mais sã, se tivéssemos entre nós um homem cuja vida é tão genuína” dizia o convite.

Imagine-se, ter o poder de alterar uma comunidade inteira sendo apenas você próprio. Isso é poder.

Houve um homenzinho simples que viveu há mais de dois mil anos em Atenas, e morreu porque fazia perguntas ousadas. Escutavam-no muito poucos; contudo não há hoje uma pessoa letrada neste mundo que nunca tenha ouvido falar de Sócrates. Ou São Francisco de Assis, que renunciou a uma existência requintada para viver na pobreza, confortando os pobres e os doentes; Mohandas Gandhi, que libertou seu povo do império mais poderoso do seu tempo, sem o uso de qualquer coisa a não ser aquilo a que chamava ‘a força verdade’.

Esses indivíduos possuíam em comum o fato de falarem e agirem como eles próprios, defendendo resolutamente aquilo em que acreditavam. Eles possuíam a pureza interior das pessoas fiéis aos seus ideais. Eram autênticos.

Embora críticos acusem a filosofia do seja você mesmo de ser conducente ao egoísmo, à autenticidade, porém, não faz isso; provém do âmago da vida de uma pessoa, mas não se autocentraliza. Ela estabelece um exemplo precioso para as outras pessoas e fá-las agir. É esse seu poder isento de astúcias, e está ao alcance de nós.

O conceito de que devíamos conhecer-nos e ser nós mesmos existe desde a primeira vez que um ser humano se perguntou: “Quem sou eu?” Sócrates ensinou-nos que “conhecer-se a si próprio” é a base de todo o conhecimento; Shakespeare escreveu: “Sê fiel ao teu próprio eu..., pois, assim não poderás ser falso com homem nenhum".Como todas as grandes idéias, o conceito sobe e desce com as marés históricas. Parecemos estar sempre perguntando: - “Como poderei dar um significado à minha vida?".

A autenticidade faz com que a vida de cada pessoa tenha significado, devolvendo o poder ao indivíduo. Sermos nós próprios é um poder natural, humano e universal que traz consigo uma cornucópia de bênçãos.

Muitas das nossas instituições são dirigidas por pessoas autênticas, que sobem porque outras são para elas atraídas, as admiram e seguem os seus exemplos. Vejamos um homem de negócios correto que chegou ao topo, ultrapassando outros mais espertos. Por que? Os seus assessores poderão dizer que ‘ele é mais leal’, ou que tem uma ‘visão’ mais ampla, mas há algo mais que isso. Ele possui uma força interior, irradia confiança. Honesto por instinto, jamais enfraquece a sua autoridade moral com compromissos desonestos. Essa sinceridade é um dos atributos principais das pessoas autênticas, mas há outros:

Um sentido de direção. As pessoas autênticas reconhecem a direção que as suas vidas devem seguir. Quando o grande médico missionário Albert Schweitzer era menino, um amigo desafiou-o a subirem os morros para matar passarinhos. Albert hesitou, mas, com receio de que se rissem dele, foi. Chegaram perto de uma árvore sobre a qual um bando de avezinhas cantava, e os meninos muniram de pedras os seus estilingues. Então, os sinos da igreja começaram a repicar, misturando a sua música ao canto das aves. Para Albert, eram vozes celestiais. Espantou os pássaros e foi para casa. A partir desse dia, para ele, o respeito pela vida tornou-se mais importante que o receio de ser alvo de zombaria. Suas prioridades tornaram-se claras.

Energia autogerada. A fadiga é sintoma comum nas pessoas que reprimiram o seu próprio eu; elas não estão verdadeiramente fatigadas, mas cansadas de. Alguns mal conseguem colocar um pé na frente do outro. “A sensação de perda muscular é na verdade uma sensação de perda do poder por parte da alma”, dizem psicoterapeutas.

Também nós nos sentimos muitas vezes cansados, não por ‘perda de força muscular’, mas pelo esforço de não sermos nós próprios. Somos atores tentando impressionar outras pessoas. É uma situação bem complicada.

Ao contrário, a pessoa autêntica não esbanja energia em contradições. A sua honestidade nata reduz os conflitos internos, e ela sente-se viva, estimulada. Gera energia quando faz aquilo que é importante para si; não esbanja energia em conflitos ou mentiras.

O poder do exemplo. As pessoas autênticas também mobilizam as energias das outras, inspirando-as. Sendo apenas elas próprias, mostram o que deve ser feito.

Durante a ocupação francesa do Saar, na década de 1920, quando os ânimos alemães estavam exaltados pelas notícias dos excessos praticados pelas tropas coloniais negras, Roland Hayes, um grande cantor negro, viu-se frente a um auditório hostil e barulhento, em Berlim. Durante quase 10 minutos, ele se manteve ao piano, calado e decidido, aguardando o fim das vaias. Então, fez sinal ao seu acompanhante e começou a cantar suavemente a peça de Schubert “Du Bist die Ruhe” (Tu és a Paz). Às primeiras notas da canção, fez-se silêncio na multidão furiosa. Continuando Hayes a cantar, a sua arte transcendeu a hostilidade e produziu-se uma comunicação profunda entre o cantor e o público.

O poder do amor-próprio. Uma pessoa que se respeite e valorize tem muito mais facilidade em fazer o mesmo às outras. Quando não temos certeza de quem somos, não estamos à vontade. Antes de falarmos, tentamos descobrir o que a outra pessoa gostaria que disséssemos ou fizéssemos. Quando estamos inseguros, nosso relacionamento com os outros não é regido por aquilo de que eles precisam, mas pelas nossas necessidades. Quantas uniões estão implantadas nessa fragilidade! As pessoas autênticas, por outro lado, estão ali, não apenas para si próprias, mas também para os outros. Não desperdiçam as suas energias tentando proteger um ego instável.

O poder do espírito. Ninguém consegue criar poder espiritual apenas querendo, mas ele parece vir freqüentemente aos que estão mais centrados no eu profundo, onde começa a descoberta. Penso em Martin Luther King, Jr., caminhando entre porretes e cães latindo, até Selma, no Alabama, e galvanizando uma imensa multidão no Washington Mall. Era impossível ficar junto dele algum tempo sem compreender que o espírito era a fonte onde ele ia buscar as respostas da sua vida. Poucos de nós podem ser grandes líderes, mas qualquer pessoa honesta consigo propicia o seu acesso a esse poder do espírito.

Lutar pela autenticidade não é fácil. É um esforço que dura a vida inteira, e nunca ninguém o consegue plenamente. É mais um tornar-se do que um ficar, algo que aprendemos dia a dia. Eis alguns modos de começar:

- Preste atenção ao que se está passando em sua vida, interior e exterior.

- Aceite a idéia de que nada está errado com o fato de você ser diferente dos outros.
“Cada um de nós”, escreveu o filósofo Paul Weiss, “é um ser único que se confronta com o resto do mundo de uma maneira única". Descubra suas convicções mais profundas e defenda-as. Viva segundo elas.

- Passe algum tempo consigo mesmo.
A solidão está no âmago do autoconhecimento, porque é quando estamos sós que aprendemos a distinguir o verdadeiro do falso, o trivial do importante, o necessário do urgente, o precisar do querer. “A solidão”, disse Nietzche, “torna-nos mais duros em relação a nós e mais brandos em relação aos outros".

Tal como a desintegração do átomo, a abertura do ego faculta o acesso a um poder oculto. A autenticidade é uma força sensibilizante e abençoada. Ela vem com o sentirmo-nos à vontade conosco e, por conseqüência, à vontade no universo. É a maior força do mundo – o poder de sermos nós próprios.
Tens meu abraço e voto!

(Adaptado do texto de Ardis Whitman "Sublime ventura de sermos nós próprios")


(Esta mensagem foi enviada ao Presidente Lula e recebi a resposta do Planalto via e-mail em 08/11/06)
Soaroir
Enviado por Soaroir em 21/10/2006
Reeditado em 10/11/2006
Código do texto: T269877

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

You have mail

sons que cofortam
you have mail
Soaroir
27/6/10





Depois de fumaça e grito
Muito antes destes sóis
Um blim blom muito aflito
Me tirava dos lençóis
O carteiro com um postal
Ou carta sem qualquer naipe
Hoje tudo é surreal!
Haja visto no Skype.

“You have mail!”
Soaroir

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Perdido na Net IX

Para ser Soaroir.

Para ser Soaroir, que seja intensa:
Pois encantas enquanto o canto alcança
A breve eternidade que sustenta;
Quando conjuga um naco do exagero
Na atemporalidade lavra o verbo
Nele canta o ardor sem desespero
Na chama, o verso claro grita inteiro;
O canto raro vibra farto e sangra
A palavra se mostra justa e franca
Pois Ouroboros corre na garganta.
Dudu Oliveira
Enviado por Dudu Oliveira em 27/09/2009
Reeditado em 27/09/2009
Código do texto: T1833895

Perdido na Net VIII


Bolsa de valores
© Soaroir Maria de Campos - 16/10/07 

No leilão da vida pus preço
Nas ações de meu orgulho
Apregoado na bolsa da razão
Vieram os lucros e dividendos.
Ao final do pregão, arremates
Entre as perdas e os danos
Na dação em pagamento
Comutei meu patrimônio.
Não invisto mais em orgulho
Seu destino é a insolvência
Fico com o líquido e certo
Sem encargos, a modéstia.

Perdido na Net VII

Entre Brejos e Rios

(Eu nasci)
© Soaroir Maria de Campos


Além dos casarios
Marolas e navegantes
Nas encostas
Entre brejos e rios
Eu nasci para velejar.

Com fremente sangue frio
E ventas para navegar
Encantada pelo distante brilho
De pérolas ancoradas ao sol
Sem baldio segui abaixo o meu rio.

Entre respingos de triunfos
Foram me levando as águas
Até mergulhei no mar
Mas desemboquei no oceano
Que nasci para desbravar.

Com esperança nunca estranha
O destino atingiu seu fim
E no azul para o qual nasci
Eu cheguei e tomei posse

Com muita diligência
e mesmo tanto de carmim.

Perdido na Net VI

A Carruagem da Vida
© Soaroir 02/08/07 10:05h


pela manhã passa a sacolejante diligência

com seu provocante carregamento.

viçosos e inexperientes pulamos dentro

e sem perceber os solavancos

descemos com as preocupações rua abaixo

ordenando: “Vá em frente”!

ao meio dia, inquietos com os ruídos contínuos

baldeamos os nossos corações matutinos;

enxergamos os extravagantes precipícios

gritando” Vá devagar seu idiota!”

ao entardecer, recolhemos o que foi quebrado;

analisamos todo o trajeto percorrido;

e quando a luz já se foi adormecemos

indagando: “como seria uma hospedaria?"


(inspirado em Pushkin -1799-1837)

Soaroir
Publicado no Recanto das Letras em 02/08/2007
Código do texto: T589441      

Perdido na Net V

A Quinta Virtude

Renoir
1
Soaroir Maria de Campos · São Paulo, SP
16/2/2009 · 27 · 3
Paciência!
Soaroir 6/2/09


Serenam-se os gestos no ritual das horas mortas,
[antes do firmar do dia.
O talhado pela Natureza eu não lisonjeio nem [desprezo,
leio-o nas dificuldades rompidas,
além das gradativas por ventura à frente.
As secretas mensagens no coração flechado e
destacado na opala, entre o betume e o concreto,
não têm prazo de validade ou hierarquia –
Paciência! Nem culpas nem culpados...
Nada caminha fora da ordem universal –
a sombra nos passos se encontra em algum lugar,
entre os ares-de-dia e a maturidade.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Perdido na Net IV

Cruz de Vidro

ao oco do mundo me remetes
ó ilusão de parecer-me gente
importante junto aqueles entes
enaltecedores de meus sobejos

enquanto as carnes e os dentes
abocanhavam as mesas fartas
entre afagos no leito quente
de meu soberano viço

santa... santa expiação!
que persigna com a cruz da escora
da fronte ao peito os dias bentos
resilidos glacialmente agora

temporário flúmen que aos anjos vai
no encalço desta que se de mim aparta...


Soaroir 7/12/09

Perdido na Net III



40- Se Eu Morresse Amanhã
©Soaroir Maria de Campos

I

Desinfetar o beco e abandonar o eito...
Antes, porém eu da sentença recorreria,
em cabendo uma apelação para tal feito.

Certamente, se amanhã morrer fosse o dia,
chegada a hora daqui eu ter que partir
de volta pras estrelas, lugar donde eu vim,
indeferimento rogaria pro meu sair.

Acinte, desazado momento, aceria!
Das gentes que conheço com nada a provir
premiada delação por tempo eu trocaria
pra minha criadeiria eu poder cumprir.

II

Amanhã um dia, se finalmente, o dia,
vir de lá de cima a ordem pra partir,
a mais intensa febre de agror
das imputadas penas eu buscarei remir
do ventre inda aquecido por este calor

– Ontem não pude vos dar amor! Eu sei.
Vinde aos meus seios, agora vos esperam...
Não deveríeis assim ter partido! Errei...

Quero no Céu ter uma brecha permanente,
um novo começo para as vidas desmedradas,
guardadas neste mofino quarto quente,
pelo meu amor ainda abaetadas.

Silente Existência vinde repartejante
a quem hoje a Vida foi quem abortou
arrependida e eternamente penitente.

Set.15-2006_São Paulo, Brasil

Perdido na Net II

(rascunho de uma poesia)

QUE FAÇO COM QUATRO MÃOS...
Pouco, muito pouco faço se a única fosse eu a tê-las.
sou de Blake, a inspiração para seu Grande Dragão Vermelho
de Homero, o prazer estético e ensinamento moral
Shakespeare, me veste de longo e me põe fitas nos cabelos
Cervantes, me aceita e me leva em sua jornada
Poe, me transforma em assombração
Drummond, deixa uma pedra no meu caminho
Pessoa, me nomeia ridícula
Bilac, me desenha uma bandeira
Camões, bucolicamente me satiriza
Vinícius, me chama de mulher amada
Gonçalves Dias me diz Ainda uma vez... Adeus.
eu, pouco, muito pouco faço com quatro mãos
se sou a única a tê-las viro handicapped
deficiente, aleijão, matéria de pesquisa, atração.

©Soaroir Maria de Campos – Nov.19/2006

Poesia antiga

AMOR ENTREATOS

By Soaroir

AKANKE – Conhecendo o Amor
I
Amor cacos pra vida

introdução e efeitos
intérprete dramático
repertoriado cômico
pano de boca
palco anacrônico
alumia as ausências

Amor de grego

ágape afetos perfeitos
eros bruxo acrobático
anteros comediante atônico
platéia pouca
philia profético randômico
encena nas carências

Amor começo

semeadura de eitos
ardor magmático
desconhece o agônico
dança louca
florescente adônico
ramifica essências.

II
Amor chegança

com hora de saída
cheiro de criança
colo de rapariga
eterna lembrança
de mãe a barriga

Amor inocente

pura vertente
corre pros braços
transborda pureza
deságua no espaço
cristalina certeza

Amor diamante

brilho agramático
engastado no peito
passado extático
presente imperfeito
futuro acromático.

III
Amor de rastos

deixados no eito
presentes pegadas
futuros desfeitos
ausências marcadas
passados confeitos.

Amor pragmático

orgulhoso resultado
embala a descendência
melhor teria amado
se encontrado aquiescência
culpa do tempo
falta de deferência!

Amor confraria

representação de papel
opereta em pantomima
ato do encerramento
banzeiro o amor lastima
não ser peça pra testamento.

$oaroir 4/8/06

sábado, 3 de dezembro de 2011

Adote um Mendigo neste Natal


Meu Irmão por Parte de Pai
© Soaroir Dez/2008


Há muito estou perdido de minha terra distante,
Escorraços agarrocharam-me nas entranhas...
Tenho fome. Por favor, um prato de comida.
Ouvido, logo ali do outro lado
Fui levado como convidado.
Acomodado, com direito a bandeja,
Sobremesa, guardanapo e talheres...
De novo fui escorraçado:
“Aqui não pode entrar.”
“Vá pro inferno mulher,
Este Homem é meu convidado!”
“Ah, neste caso, rapidinho preparo
Para ele uma quentinha.”
“Não! Ele é mais um cliente
Como eu ou outro qualquer… ”
...
…Vitualhas para o irmão distante...
Sim, necessitado...
Este ao seu lado só pede comer
Voltar para a sua terra
Aonde é mais respeitado.

Meu endereço é no aí de São Paulo
onde eu posso ser encontrado.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vem dançar comigo

VEM DANÇAR COMIGO
Copyright Soaroir



Sutilmente movem os pares
Pelo requintado salão de baile;
Cheios de certezas e olhares,
Repletos de perfumados hálitos.

Róseas pétalas abraçadas a seus ramos.
Oscilantes deslizam com empenho;
No tom maior do alísio vento
Bailam as cerejeiras na Primavera.

Terminada com o sol a floração,
Cheios de promessas de cortejo,
Seguem os bailarinos sem seus pares;
Acasteladas, ficam as pétalas pelo chão
 
(reedição de “Pas de deux"
Pour: Soaroir 20/07/07 - 14:18
(p poesia on-line do RL:"Dançar")