Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Perdido na Net XXXIV

EVOLUÇÃO

Foi-se o Cortez
O Rei Lear
Lágrimas de Portugal
Foi-se o sal
Alma não pequena
Muito valeu a pena
Pouco no seu grande passo
Sinfonia em descompasso
Ele partiu
Teve pretexto
Faltou-lhe texto.


23/07/06
por Soaroir em 25/07/2006
Reeditado em 28/07/2006
R L Código do texto: T201236

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Perdido na Net XXXIII

Acesso de Paixão

© Soaroir de Campos
27/9/08
Coleção "Rebentação"
Publicado in "Overmundo"

imagem:dragonfire












jejum
cipoal in avant-première
refeição prometida
paixão, sentimento emaranhado
pressão no peito
boca seca
cenho cerrado
vontade desfeita
raiva contida
choro fingido
cálculo vingado
promessa retesada.
quem sabe?
quem sabe da tua, da minha
arterial constipação, anal, nasal, vaginal?
arsenal escorregadio, corizas
paixão? Ah paixão! Paixão
tolos empaixonados
tripanossomos, triplas tripas cheias,
empanturradas carcaças
excremento mental
consumidos consumidores. Paixão...
obrigada.Por tudo
por nada, factual, rufinescos
legítimas vísceras
camufladas de l’air du tamps
malvas malvadas
laranjeiras espinhentas
engastados caules e flores
camuflados sobre cabeças.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Perdido na Net XXXII

A Bossa de um Dromedário

ou (Memórias de um Dromedário)
Soaroir de Campos
Sexta-feira 13/11/09


(p o mote: "o deserto pode ser o paraíso")


Que me provem injusto
a serpente e o escorpião
vagarem livres
entre rochedos e tumbas
da alma múmia
em balsâmica solidão.
Invisíveis rastros
parceiros no desértico tempo -
Que alguém me prove injusto
o hino das areias
e o coral dos ventos
ruminando a memória
minorada do paraíso
nos remotos feitos
de um dromedário.


("bossa" = corcova)

Perdido na Net XXXI

Guarda estes versos
atmosphere


quando... e se, quando, um dia eu escrever
uma daquelas poesias extraordinárias
inesquecíveis ainda antes de eu morrer

será do meu antigo e próprio jeito
com pranto camuflado - pouco abraço
e laços desmanchados

nela compreenderá saudade e o amor louco

que eu sei que você sabe foi
- e sará sempre -
o meu sentido por você...

até pode já ser tarde para o tempo
e para o presente um regalo do passado
mas para os deuses ... talvez




imagem/google/vi.sualize.us/view-autor n identificado


exercicio para ao mote:
Guarda estes versos que escrevi chorando como um alívio a minha saudade, como um dever do meu amor; e quando houver em ti um eco de saudade, beija estes versos que escrevi chorando.
Machado de Assis



se der volto p continuar ...

Universo Retraido

© Soaroir 2/8/08

fotografia e texto by Soaroir








“O Vestido” releio.
Visto qualquer coisa. Parto.
No quarto do meio
Eu busco um veio.
Dia cheio de nada.
Nem a poesia veio.
O mote do dia não veio.
A chuva prometida não veio.
O pastel da feira não veio.
Sequer a vontade veio.
A palavra não veio.
O Verbo não veio.
A rolinha não veio.
Nem a fome veio.

Será medo da liberdade?
Não sei.

A promessa não veio.
A dor não veio.
A solidão não veio.
Nem a tristeza veio.
A sorte não veio
O riso não veio.
A cura não veio.
Nem o remorso veio.
Dia cheio de nada.
A poesia não vem
Será medo da liberdade?
Não sei.
Virei refém.
Amanhã, quem sabe...


Mote por Kate Weiss:"...Vem comigo
Meu pedaço de universo
é no teu corpo.
E em teus braços se une
em versos a canção..."

Taiguara

O Miserável

© Soaroir 1º de agosto/2008

fotografia e texto by Soaroir








Meu Deus, desça Vosso conforto
Para ele quem no ardume¹ do passeio²,
Passado o verde jardim, como pedinte,
Rasteja cansados pés;

Para ele quem vê aquém das paliçadas³
Suaves relvas onde deita o frescor das sombras,
Verdes vãos quais ele pode não entrar,
Mas por eles passa.

Não, não para ele as árvores em acolhida
Estendem guarida pelos mormacentos caminhos;
E não é para ele que as fontes jorram
Suas nuvens de borrifos .

E não é para ele que a brumosa caverna
Acena como por um véu estendido,
Nem um resquício de orvalho sequer
Refresca sua cabeça.

Meu Deus, desça Vosso conforto,
Para ele quem na pétrea rua da existência,
Como um pobre mendigo, passado o jardim
Rasteja cansados pés.

¹ calor² da calçada
³ cercas

Tradução interpretada by Soaroir Maria de Campos - August 1st-2008

  ("The Beggar" - Fedor Ivanovich Tyutchev (1803-73) In:"Poems from the Russian" Translated to English by Frances Cornford and Esther Polianowsky Salaman -1943)

Mote do dia por Soaroir: “Prece para um Mendigo"

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sem Amor Original

by: Soaroir Maria de Campos
Maio 5, 2007



Tua vida era a minha
A minha era a tua
Passou...
Eras e eternas sombras das roseiras
Fazem-me querer-te a vida inteira...

Minha vida, hoje pintura...
A tua paisagem...

(para "poesia on-line" do Recanto das Letras)
c/c p ciranda da "Tulipavermelha"

Sem Amor Duplix


imagem google


SEM AMOR 
EM MINHA JANELA

Tua vida era a minha
Fez-se em mim, verdadeira
A minha era a tua
Um amor em eterna brincadeira
Passou...
Feito ave de arribação
Heras e eternas sombras das roseiras
No vai e vem da paixão
Fazem-me querer-te a vida inteira...
À morada do amor no coração

Minha vida, hoje pintura
Emoldurada em minha portela
A tua paisagem...
Matizada em minha janela

Soaroir de Campos
Gilnei Nepomuceno
16/6/2007

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Venerável Lua

 Foto copyright Soaroir
 
Venerável Lua
Soaroir 28/4/07


a lua de que me lembro e conheço bem
alumiava dos convivas as virtudes
da serpente seu rastro na poeira
sob um céu coalhado de estrelas

refletia nas montanhas a macacita
reconhecida senhora mãe do ouro
despertava o garbo da jasperita
banhando aquele mundo de tesouro

quando chegava de brilho toda cheia
mostrando São Jorge guerreiro
ela era a lua dos namorados
reunia todos no terreiro

pra dançar a mana-chica
e dar um beijo sorrateiro
 "Amantes da Lua"

Perdido na Net XXX



SÃO JORGE VALEI-NOS
VALHA-NOS A PAZ.

Decido o caminho salto
no meio encontro um mundéu
longe visto (assim) do alto
no pó há as pegadas do réu

De perto enxergo outra sorte
guerras sem julgo a fome
PAZ conduzindo à morte
batalha dos covas sem nome.

Da lua São Jorge faz mira
malsinando bafiento dragão
opressor que o futuro atira
no conflito da espoliação.

Paz jovem ainda jaz bela
sem proteção e castiçais
fidalgos e aias da mazela
arrombaram-lhe os seus anais

velho dragão na lua nova
inflamando a terra cheia
em sangue deixando a prova
que a guerra é sua ceia.

mundo de povo minguante
endossante da guerra crescente
que a paz lhes se alevante
das Américas ao Oriente

nova como lua num limpo céu
venha depois da noite esperança
ver derrotado pelo próprio boléu
infame dragão da vingança

revestidas noites de estrelas
armadura contra a maldição
guerras inda vamos vê-las
implorando à paz rendição

Venha S Jorge em seu cavalo
galopando finde todo este mal
devolva ao mundo seu falo
reinseminada seja a paz primordial.

Soaroir Maria de Campos
30/8/2006


(S.Jorge - santo padroeiro da Inglaterra, do amor e da cultura)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Perdido na Net XXIX

MENSAGEM NA GARRAFApara o futuro
(Somente em poesia jogamos objetos no mar)
Soaroir de Campos
6/3/10


alerta!
ao abrir esta garrafa
cuidado...

maneje-a com devoção
há esporos de poesia
para disseminação

não há nada que expia
a provável contaminação

atenção!
não há endereço no verso
para dirimir a questão

Perdido na Net XXVIII

Folhas
(ou Queda Livre)
©Soaroir de Campos
14/4/09


Com os ventos da Estação
As folhagens no Outono
Perdem toda a posição
Equilíbrio e entono.

Vão ao chão de peito nudo
Conformadas e caladas
Servir de forragem a outros
Pra enfrentar a invernada.

Vão cumprir sua missão
Sem pensar em arvoretas
Distância que está o chão
Ou se a terra é branca ou preta.

Perdido na Net XXVII

Soaroir de Campos
17/5/09

Um soneto se faz com (uma) estética
mas uma estética não faz um soneto.
Portanto – isso não é um soneto. Aliás
isso nem é um poema -
é só um barquinho de papel.


Vou saindo porta afora para navegar mar adentro
Vou me ajuntar às gaivotas que do alto miram a fartura
Mergulham num voo certo sem qualquer aborrecimento
Salário ou imposto, cartão de crédito ou fatura.

Vou logo antes que me arrependa de deixar essa leseira
Todo dia no mercado, mesmo com todo o acirramento
E ser cobaia de experimentos de enlatados e de alheiras
Que os interessados simulam que são mega alimentos.

Se meu barquinho de papel resistir a tentação
E dessa navegação eu conseguir voltar ilesa
Definitivamente troco essa minha ocupação.

De vez deixo de ser poeta, arranjo outra alimentação
Plantarei as minhas favas em mais distinta freguesia
Com férteis terras para mais saudável plantação.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Perdido na Net XXVI

A Arqueira
mote: "serenidade"

Não. Não conheceria a serenidade
se não tivesse bebido da água salobra
estrepado os pés pelos desfiladeiros
enquanto envergava o olmo
e torcia as fibras para meu arco e flecha
Com a apinhada aljava
de reflexões e aceites
e melhor alça de mira...
já posso ser pacata arqueira
Soaroir

nota da autora: lembrei-me de quando praticava arco e flecha
e da serenidade exigida p se atingir o alvo.
Author's comments:

O Cafundó da Palavra

 

 

© Soaroir
7/6/09

Mote: "De onde vêm as palavras?"


a palavra preciosa se esconde
no fundo do mistério
e ansiosa pula, e pinta a minha tela
com as cores das barrancas
da fumaça das casas de reboco
com as vozes de parlamentos
departamentos de idéias alegres
apaixonadas, solitárias
ou melhor coisa fonêmica
insculpida em minha memória.
Soaroir
Enviado por Soaroir em 07/06/2009
Código do texto: T1636365

Cabelos Brancos

 Catassol
Direitos reservados Soaroir Maria de Campos

Se foi o medo quem criou Deus
Ele também mostra num instante
A cor do amor no sopro da beleza
Que mesmo enquanto se torna litura
Faz parte da Natureza
Mantendo o colorido restante
Do passado preso na pintura
Das montanhas onde vislumbro o amanhã
Enquanto do descampado vem o vento
Alisando os meus cabelos já gris
Contra o sol do deserto dos tempos
Que a pele engorvinhou com alento,
Minh’alma colhe um novo matiz.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Meu Poema Perfeito

Um Poema de Criação
didicado a Hazel, Vitor e ao nosso Bebê


                     




embora seja eu mesma que diga,

a poesia que eu faço por último

é estupidamente a mais notável.


na mais recente, lancei mão de epítetos,

brinquei com a aliteração

fiz fantásticos jogos de palavras

todas derivadas de mim.


não acredita?! Vá atrás dela

eu sei que você vai gostar

mas veja bem...ela não fala de falências

principalmente na primeira pessoa;

de navios fantasmas ou de amores d’além mar.


coragem... vá em frente! Você merece

conhecer a minha poesia mais brilhante


é sobre as estações

.......... algumas flores, e minhas vinhas.


© Soaroir de Campos
20/01/10
Brasil

http://avos-e-netos.blogspot.com/

La Donna è Mobile

Os Mudamentos

By Soaroir
outubro 24, 2009

Eu me disfarço, camuflo os brancos
Preencho com pó os compactos vincos
Encho a cara, esfumaço os olhos
Ajusto o salto, os óculos a cintura
Renegocio com a beleza do cio
Olho no decote os seios, que feios!
Mataram fomes, mas estão vivos.
Troquei a pele, sobraram escamas
Não quero ver meus pés no barro
Cobertos pela barriga estriada
Que gerou, se na das pernas,
Não marcaria, nem parir iriam.
Apago a luz, e me cubro de certezas
De que ainda não é o fim.
Realço um discurso melhorado
E assim, eu me aceito.
Moços… Não…
Não há melhor idade!

Poesia Vencedora do Concurso Antologia Delicatta III, pela Fundação Cecina Moreira

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Grafite e o Diamante

A Grafite e o Diamante
Soaroir 22/7/10


imagem/infoescola/net



Quando caminho com pressa, odeio
ser freada por aquela gente lerda -
indo ou vindo, como sem anseios.
Baixinho até resmungo “merda”!
dou a volta ou mudo de passeio.

Sou eu a louca ou os alheios
de passos lentos, bundas fartas
pelos supermercados cheios?
Que me desculpe a Martha -
estes meus fraseios feios,

mas devagar eu logo arreio
pois sou apenas figurante
neste palco de devaneios
“slow motion” é pra diamante
que lento, toma seu custeio...


Reflexões no Espelho

"Viveria feliz
em folhas de hera no alto
de um tronco retorcido
de onde jamais sairia."
Mas, diante do espelho
que nos chama à realidade?

sonhos esquecidos

by Soaroir 23/8/09



                           
como memória de odores e gostos
os sonhos sonhados ficam esquecidos
até serem evocados pela emoção
(e vê-los por outros realizados);
ou em algum lugar ficam arquivados
por serem meramente sonhos
impossíveis quando despertados;
ou atacados pela demência
para o sonhador na velhice
não sofrer por ter sonhado
sonhos não merecidos;
ou como o vago sonhador
que velhos sonhos ele descarta
como faz com um celular
logo que substituído.

Soaroir
Enviado por Soaroir em 23/08/2009
Código do texto: T1769782

Árcades Medos

Árcades Medos

Copyright Soaroir
 
Nesta difícil tarefa de ir do medo ao texto, ressabiado exumo os medos de outras cercanias, onde desde cedo fui assíduo freguês. Saudosos aqueles medos quando a pesca de piaba era feita com juquiá, diferentemente dos assombros que aqui vimos gritar. Os medos que lá consumíamos nos ajudavam a criar, arte, fantasias e sonhos que apenas restaram para contar. Aqueles bem-fazentes temores que nos deixavam mais contentes a cada despertar, não surgiam de assalto nem de bandos, tampouco de vizinhos que eram como se parentes.

Do boitatá e do saci foram os primeiros medos que consumi, depois o da mãe d’água, o da mula sem cabeça e o do lobisomem. Conforme ia crescendo, o medo outro rumo ia tomando até chegar nos fantasmas dos vivos conhecidos que morriam de velhice, que escondidos no escuro debaixo de nossas camas, faziam a gente correr pra nosso refúgio protetor, sob um amplo cobertor.

Tirando o bicho papão escondido no velho apagão, para demais temores sempre havia solução. Para o medo da inveja, mal olhado e quebranto a gente sempre se valia, além de muita oração, d´um banho de alecrim silvestre com folhas de guararema e ai, era o medo quem se amedrontava.

Até mesmo os papa-fumos, que sobrevoavam as vertentes, me eram medonhos, quando, sob um sol escaldante que ainda não se temia, a gente ia buscar água para beber e dar de beber às cabras.

Da morte medo não havia, pois a coisa que se matava era a fome com taioba e mostarda brotadas do excremento que dos passarinhos caiam. Outras coisas se compravam, não se roubava e vendia; o pecado da cobiça e escassezes eram medos que ninguém lá conhecia.

Medos que mães sentiam eram da infância doençaria. Sarampo, febre alta e coqueluche que, para a proteção, recorriam aos chás das folhas de laranja da china e da cidreira, ao caldo de galinha e às benzedeiras; era com essa milagraria que as mães nos defendiam. Dos venenos que mais elas temiam eram o da picada de cobra e o dos frutos que os filhos comiam, como arrebenta-cavalo e do mato outras porcarias.

Com os perigos bem vigiados e com o futuro por Deus garantido, o pior de todos os medos era o da vara de marmelo, quando boa coça se levava se em confusão a gente se metia. Meu mundaréu de medo de outrora não dou, nem vendo ou troco por este pavor de agora; por este ódio de gente que dispara a besteira da ganância e da vingança brutal, que nos vitima e nos responsabiliza por sua deformação ancestral, suas deficiências mental, ética e social.

Publicado com imagem em:
Pote de Poesias
e Ecos da Poesia
Soaroir
Enviado por Soaroir em 08/04/2007
Reeditado em 09/04/2007
Código do texto: T442103

Desassossegados

Soaroir
29/8/08

... nos destinados a viver à beira do rio
naqueles a descer fortes correntezas
até nos meditabundos dos sopés
a depressão dos terrenos próximos se enreda
e as fendas do acaso, como monstro-de-gila
desenredam as paisagens costumeiras
adentram o sono e desertam o sonho
e desassossegam , e fere o tato
e fere os pés do corpo e da alma
que caminham para dentro.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

São Paulo 40 Graus

Vou me embora pra Friúme
Soaroir 3/3/09


Vou me embora pra Friúme
Onde o que preciso é cobertor
Deixo para trás esta quentura
Aqui em baixo do Equador.

Lá farei bonecos de neve
Aquecerei as mãos na lareira
Saio logo deste forno
Ou derreto-me nesta fogueira.


Poeta Caboclo

NA LIDA
Soaroir 08/05/07

Poesia de caboclo
tem pé fincado no eito
se quer sente o sol ardente
vai tirando seu aceiro
como todo o ascendente
enquanto rima em cantoria
o que ele da vida sente
depois da lida arriar
rabequeia
à sua lua confidente
sonhos arraigados em seu peito
em versos
que só caboclo sabe rimar




sábado, 4 de fevereiro de 2012

Versos Verdes Fritos

(ou Verso em vinha d´alho)
© Soaroir 25/1/09

Entra na panela uma pitada de pimenta e sal
enquanto engrossa o molho eu refogo um verso;
desgrudo do fundo com uma colher de pau
o consolado alimento ensopado na garganta.

Talhadas a cutelo as desossadas vísceras
me berram do alguidar como se poetas fossem
a acrescentar ao caldo da molheira alfaiada
rimas marinadas em especiarias finas.

Benigna resiliência em salmoura conservada.
Condimentada nutrição do espírito e alma
descongelada levo ao fogo de um fogão
e ante aos perfumados vapores me ergo boquiaberta.

Sobre a mesa estico as rendas da Madeira (¹)
alinho os pratos e acimo as taças cheias
Num discreto gesto temperado ao alho e óleo
eu saúdo o bardo que povoa a minha cabeceira.

(¹) Ilha da Madeira


2º LUGAR POEMA LIVRE

SOAROIR DE CAMPOS

" VERSOS VERDES FRITOS"
 
 
 PROJETO DELICATTA IV
 

Religare


Vitrail dédié à Saint Vincent, chœur, baie nord


This is my simple religion:
There is no need for temples;
no need for complicated philosophy.
Our own brain, our own heart is our temple;
the philosophy is kindness.

Dalai Lama
 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Perdido na Net XXV

SAUDADE
Gavinhas da Mágoa

Soaroir11/11/10





Hey sister


você se lembra daqueles nossos dias felizes
quando a gente pescava piaba com miolo de pão dormido?

embora poucos os farelos, sobrados do nosso café minguado
a gente sempre punha de lado algum pra poder pescar?

voce ainda se lembra da emoção de cada puxada
da linha que as vezes nem puxava nada

e que noutras era jantarado nos salvando
da coça com vara da goiabeira
por irmos para o rio sem avisar?

saudade dos nossos pés lado a lado
enterrados naquela lama de Lagoa de Cima
quando esperança era só esperar o peixe beliscar...

sinto saudade das águas da vertente
dos papa-fumos que caçávamos
e dos vaga-lumes que nos guiavam
para a nossa mãe em casa....

sujeito à revisão ...

nota da autora:
às vezes saudade são só gavinhas de mágoas

exercicio para o mote "saudade"
Soaroir