Coversa no Parnaso
Com versando
Soaroir Maria de Campos – Dez 23/2006
(Conversa no Parnaso)
Dialogismo
I
Poesia é rainha, majestade que não faz acordos,
Tem olhos feitos pra ver ninguém.
Anda engraçado quando está feliz,
cabisbaixa se insurge-se miserágil*.
De sua boca pouco sai se perguntado.
Não a faz comum a figura que tem:
dois olhos, coração, ouvido e um nariz.
Não é banal nem moça à-toa,
mas é fácil de reconhecê-la:
mais alumiada antes do arrebol,
acena no canto tudo o que sente.
Sem bandeiras ou pátria se assenta.
Tratados, tempo ou antiga ciência
lhe importam quando ela se acrava.
Engolfa-se sem presunção e aporta,
suporta, encoraja e muito empreita.
Chega, agita seu lenço sem arte.
com luva esquerda na mão direita,
desterra ouro até em escória que dormita.
Pouco bem recebida, novas, ela porta
histórias até bem vividas.
Resume sonhos em trovas
sem padrão, verseja vidas.
A esta poesia sem feição,
que de muitos verseja as vidas
sucumbi a (sua) preleção...
II
- Como vou reconhece-la, Poesia?
Com dois olhos, testa uma boca e um nariz?
Não vejo qualquer distinção!
- Se consigo te agradar, então sou poesia.
- E as lições e tratados; e, de Dionísio, a filosofia?
- Não duvides do que eu digo:
nada aqui é fantasia!
- Se odeio, sem rima afadigo;
se amo, com métrica me execro.
É isso que é poetar?
- Só cai o que nasce para baixo.
Poesias germinam no ar.
-Mas e a musa de outrora, de antiga rama,
é este um outro valor que se alevanta?
Nesta verve meu sangue ainda é lusitano,
brada a fama das vitórias que rimaram,
aroma que esta alma, ainda minha,
verte no sabor daquelas vinhas...
- Cessem, do sábio Grego e dos Troianos,
ádvenas ou vultos grandes que fizeram;
foram-se Alexandres e Trajanos,
romançarias com vitórias que tiveram.
Outro mais alto valor me alimenta
nas fadigas que neste tempo vos verberam.
Hoje sou uma outra poesia que as sustenta
Soaroir Maria de Campos – Dez 23/2006
revisão de Paulo Camelo e Obed Faria Jr
Dialogismo
I
Poesia é rainha, majestade que não faz acordos,
Tem olhos feitos pra ver ninguém.
Anda engraçado quando está feliz,
cabisbaixa se insurge-se miserágil*.
De sua boca pouco sai se perguntado.
Não a faz comum a figura que tem:
dois olhos, coração, ouvido e um nariz.
Não é banal nem moça à-toa,
mas é fácil de reconhecê-la:
mais alumiada antes do arrebol,
acena no canto tudo o que sente.
Sem bandeiras ou pátria se assenta.
Tratados, tempo ou antiga ciência
lhe importam quando ela se acrava.
Engolfa-se sem presunção e aporta,
suporta, encoraja e muito empreita.
Chega, agita seu lenço sem arte.
com luva esquerda na mão direita,
desterra ouro até em escória que dormita.
Pouco bem recebida, novas, ela porta
histórias até bem vividas.
Resume sonhos em trovas
sem padrão, verseja vidas.
A esta poesia sem feição,
que de muitos verseja as vidas
sucumbi a (sua) preleção...
II
- Como vou reconhece-la, Poesia?
Com dois olhos, testa uma boca e um nariz?
Não vejo qualquer distinção!
- Se consigo te agradar, então sou poesia.
- E as lições e tratados; e, de Dionísio, a filosofia?
- Não duvides do que eu digo:
nada aqui é fantasia!
- Se odeio, sem rima afadigo;
se amo, com métrica me execro.
É isso que é poetar?
- Só cai o que nasce para baixo.
Poesias germinam no ar.
-Mas e a musa de outrora, de antiga rama,
é este um outro valor que se alevanta?
Nesta verve meu sangue ainda é lusitano,
brada a fama das vitórias que rimaram,
aroma que esta alma, ainda minha,
verte no sabor daquelas vinhas...
- Cessem, do sábio Grego e dos Troianos,
ádvenas ou vultos grandes que fizeram;
foram-se Alexandres e Trajanos,
romançarias com vitórias que tiveram.
Outro mais alto valor me alimenta
nas fadigas que neste tempo vos verberam.
Hoje sou uma outra poesia que as sustenta
Soaroir Maria de Campos – Dez 23/2006
revisão de Paulo Camelo e Obed Faria Jr
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