POESIA & INTERNET
Soaroir
28/04/07
("rascunho" de um ensaio)
No tempo da velha “Remington” o papel ficava ali parado nos olhando com cara de cachorro que fez xixi no tapete, aguardando nossa reação e cada vez que uma inspiração, idéia ou vontade de escrever aparecia, com compromisso e preocupação, a gente as jogava naquele papel que era só nosso. As pilhas ficavam divididas sob a escrivaninha em duas categorias: a dos textos semifinalizados e a de continuação ou para revisar depois, e dali não saiam até que realmente virassem poesia, diferentemente desta era da internet quando qualquer um pode ser poeta e todo o tipo de imediata doideira é poesia jogada nos mais diversos sítios ou blogs que nem sempre são realmente dirigidos a poesia, servindo somente como chamamento, embustice para se “clicar” nos mais insólitos assuntos.
Por definição, hospedeiro é aquele que espontaneamente fornece infra ou super estrutura para manter algo ou alguém em um lugar predeterminado, como tal é a internet que indiscriminadamente aceita toda a sorte de arquivos, como por exemplo, esta poesia, que um sujeito bem promovido publica na internet:
O
OC
OCA
Esse conjunto de letras vira poesia famosa com direito a exposição em respeitável espaço brasileiro. Partindo daí, o aprendiz de poeta, como sempre, deduz que se umas letras assim ordenadas podem ser poesia, que dirá de seus rabiscos em seu já amarelado diário; procura um hospedeiro, satura-o de garatujas e aguarda certo de que a Internet o conduzirá a publicar sua sonhada e supervalorizada coletânea de dores de cotovelo e sentimentos existenciais rimados em verbos.
Sem viver um grande romance a imaginação tende a retornar aos tempos de antigas crenças, tabus e intrigas, o que hoje rotulam de piegas. O sentimento teve que sucumbir à sobrevivência e às tragédias atuais que por certo não inspiram romances. Quando o “ficar” sucede ao namoro e o amor, não se sabe bem que fim levou, na Internet este pode estar e ser ainda poesia.
Há ainda o caso de quem escreve por prazer ou para desafiar Alzheimer e se posta de poeta ou ensaísta, quando na verdade está mais para cronista, a Internet o aceita sem reclamar, mas e quando não houver energia, estantes vazias e mãos sem pena, que será da e-poesia?
Antropofágico progresso
Que a poesia destrói…
Que retrocesso!
Soaroir Maria de Campos
28/04/07
No tempo da velha “Remington” o papel ficava ali parado nos olhando com cara de cachorro que fez xixi no tapete, aguardando nossa reação e cada vez que uma inspiração, idéia ou vontade de escrever aparecia, com compromisso e preocupação, a gente as jogava naquele papel que era só nosso. As pilhas ficavam divididas sob a escrivaninha em duas categorias: a dos textos semifinalizados e a de continuação ou para revisar depois, e dali não saiam até que realmente virassem poesia, diferentemente desta era da internet quando qualquer um pode ser poeta e todo o tipo de imediata doideira é poesia jogada nos mais diversos sítios ou blogs que nem sempre são realmente dirigidos a poesia, servindo somente como chamamento, embustice para se “clicar” nos mais insólitos assuntos.
Por definição, hospedeiro é aquele que espontaneamente fornece infra ou super estrutura para manter algo ou alguém em um lugar predeterminado, como tal é a internet que indiscriminadamente aceita toda a sorte de arquivos, como por exemplo, esta poesia, que um sujeito bem promovido publica na internet:
O
OC
OCA
Esse conjunto de letras vira poesia famosa com direito a exposição em respeitável espaço brasileiro. Partindo daí, o aprendiz de poeta, como sempre, deduz que se umas letras assim ordenadas podem ser poesia, que dirá de seus rabiscos em seu já amarelado diário; procura um hospedeiro, satura-o de garatujas e aguarda certo de que a Internet o conduzirá a publicar sua sonhada e supervalorizada coletânea de dores de cotovelo e sentimentos existenciais rimados em verbos.
Sem viver um grande romance a imaginação tende a retornar aos tempos de antigas crenças, tabus e intrigas, o que hoje rotulam de piegas. O sentimento teve que sucumbir à sobrevivência e às tragédias atuais que por certo não inspiram romances. Quando o “ficar” sucede ao namoro e o amor, não se sabe bem que fim levou, na Internet este pode estar e ser ainda poesia.
Há ainda o caso de quem escreve por prazer ou para desafiar Alzheimer e se posta de poeta ou ensaísta, quando na verdade está mais para cronista, a Internet o aceita sem reclamar, mas e quando não houver energia, estantes vazias e mãos sem pena, que será da e-poesia?
Antropofágico progresso
Que a poesia destrói…
Que retrocesso!
Soaroir Maria de Campos
28/04/07
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