Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06

quinta-feira, 20 de março de 2014

Carta à Poesia


Soaroir



Exma Sra Poesia:

Venho mui respeitosamente à presença de Sua Excelência
me desculpando por minhas más solfadas notas que,
afora os tratados, as arrimo com cuidado, pedir que receba

nossa singela homenagem neste dedicado dia à Sua Exa.
Toda a minha impertinência, pela qual peço remissão,
tem o fim de bem dizer vossa estimada companhia
que nas horas mais extremas, derradeiras a maioria
testemunha de mimeses sem nada reclamar.
Sem o seu amparo minhas aflições nada teriam para amenizar
 
Agradecida, termino com apreço e consideração.


(reedição)

Carta à Poesia

Poesia Concreta

perdidos na Net

Poesia Concreta - duas rolinhas (mariscavam) na sala

Soaroir
31/5/09


ui!
voaram
apavoradas
plaft, trunc, trap
pelas paredes.
que susto!

Soaroir

Poesia e Internet

POESIA & INTERNET

Soaroir
28/04/07
 
 
("rascunho" de um ensaio)

No tempo da velha “Remington” o papel ficava ali parado nos olhando com cara de cachorro que fez xixi no tapete, aguardando nossa reação e cada vez que uma inspiração, idéia ou vontade de escrever aparecia, com compromisso e preocupação, a gente as jogava naquele papel que era só nosso.  As pilhas ficavam divididas sob a escrivaninha em duas categorias: a dos textos semifinalizados e a de continuação ou para revisar depois, e dali não saiam até que realmente virassem poesia, diferentemente desta era da internet quando qualquer um pode ser poeta e todo o tipo de imediata doideira é poesia jogada nos mais diversos sítios ou blogs que nem sempre são realmente dirigidos a poesia, servindo somente como chamamento, embustice para  se “clicar” nos mais insólitos assuntos.

Por definição, hospedeiro é aquele que espontaneamente fornece infra ou super estrutura para manter algo ou alguém em um lugar predeterminado, como tal é a internet que indiscriminadamente aceita toda a sorte de arquivos, como por exemplo, esta poesia, que um sujeito bem promovido publica na internet:

O
OC
OCA

Esse conjunto de letras vira poesia famosa com direito a exposição em respeitável espaço brasileiro. Partindo daí, o aprendiz de poeta, como sempre, deduz que se umas letras assim ordenadas podem ser poesia, que dirá de seus rabiscos em seu já amarelado diário; procura um hospedeiro, satura-o de garatujas e aguarda certo de que a Internet o conduzirá a publicar sua sonhada e supervalorizada coletânea de dores de cotovelo e sentimentos existenciais rimados em verbos.

Sem viver um grande romance a imaginação tende a retornar aos tempos de antigas crenças, tabus e intrigas, o que hoje rotulam de piegas. O sentimento teve que sucumbir à sobrevivência e às tragédias atuais que por certo não inspiram romances. Quando o “ficar” sucede ao namoro e o amor, não se sabe bem que fim levou, na Internet este pode estar e ser ainda poesia.

Há ainda o caso de quem escreve por prazer ou para desafiar Alzheimer e se posta de poeta ou ensaísta, quando na verdade está mais para cronista, a Internet o aceita sem reclamar, mas e quando não houver energia, estantes vazias e mãos sem pena, que será da e-poesia?

Antropofágico progresso
Que a poesia destrói…
Que retrocesso!
Soaroir Maria de Campos
28/04/07

Poesia Nova

(Perdidos na Net)

Enxofrada
Copyright Soaroir
9/5/12

imagem/Google


Desço a campina – cruzo a ravina
Pulo pedras, empecilhos, pedregulhos -
De costas para as aragens ralas
Sento-me no ermo entre ais
E as estepes sem pastagens
Assisto – pacificamente - o que de mim despenha
Aos poucos e continuamente
Das ancas às axilas, a desfilar
No escárnio dos desfiladeiros
Para deleite dos feiticeiros

Poesia Ligeira

(perdidos na Net)

o bom da poesia ligeira é que o fim
não precisa justificar o início
Abraço
by Soaroir
25/4/10 
quando lhe perguntarem “como vai”
numa conversa, mesmo informal
diga somente “bem”, sem nenhum “ai”
para o outro não sentir-se mal...
 
quando lhe perguntarem de alguém
numa conversa, mesmo informal
dele só fale bem, sem nenhum “porém”
não é privilégio do outro ser mau...
 
se voce  embecado no branco da fama
postado no alto de um pedestal
vir seu fratelo jogado, caído na lama
experimente o seu lado fraternal...

Hugs

Se Rio ou Vertente

(Perdidos na Net)

Se rio ou vertente
Soaroir 01/10/2010



                               (Como um rio...)



nunca fui rio – nem contornei as pedras
imagino ele como eu
com saudade de ser alegre
ânsia pelas boas cheias 
do curso d’água
sazonal ou fortuito

expectativa das chegadas
tristeza de um só copo
entre a multidão dos utensílios
e um piano fechado...

silenciosa habitação
falta o cheiro dos ensopados...
logo eu que agasalhei as pedras

lágrimas da terra...
choradas pelas ribanceiras
derramadas do leito ao mar 

pelo desprezo das ribeiras...

A Cor da Alma

(Perdidos na Net)

A Cor da Alma




Minh'alma
(titulo origial)
© Soaroir 18/05/08

Caucasiana de vó e vô

De graça tenho nos olhos

O verde de muitas bandeiras

E a alma furta-cor

Cromia e sintonia de Matisse e Strauss

Fonias de tons, Jobim e semitons

Folias contrastando philias

Mistura de azeviche encarnado

E mamelucos prateados

Matizes de acordes difusos

Entre azevinhos e paus-brasil

Minha alma cora ao sol

Na luz intensa do Sul.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Teu Sorriso é Minha Tela


Ficheiro:Rembrandt The Artist in his studio.jpg
imagem/google

Teu Sorriso é Minha Tela

Soaroir 17/3/14                                         
                      
Cara moldura do riso,
lábios paspatur
ao redor da imagem;
Olhos as certezas
de original  mensagem
matizada na pintura...
No sorriso que é teu,
me abrigo na hospedagem
que  cativa e me assegura...

continua...
(sem revisão)

 

sábado, 15 de março de 2014

Cordelista de Brejo Santo - Saudades

Soaroir
(perdidos na net) 9/7/2008



S  ua alegria me conquistou
O seu sorriso me alegrou
A amizade iniciada na internete
R aizes agora aprofundaram
O
nosso encontro foi providencial
I  ndispesável pela vontade de Deus
R
ealidade quase inacreditável.



Acróstico dedicado a amiga que encontrei em São Paulo.
marineusa

domingo, 9 de março de 2014

Laiko e Dislaiko

(perdidos na Net)

Laiko e Dislaiko

Soaroir 12/1/14

(Tit. original:
Resposta a Obed
 e rascunho de evolução)

como um perdigueiro,
farejo no teu céu
a ideia das coisas
dentro delas -
como no meu -
potencialmente
cinza...
Soaroir 12/1/14

Evolução:

como um perdigueiro,
farejo no teu céu
a ideia das coisas
dentro dele.
como  no meu...
potencialmente
cinza.

eu me esforço. Ah como me esforço
para gostar do que eu “devo”
disfarçar o que eu desprezo

tento
respeitar
mascarar
omitir
o que me violenta...
o que eu de bom grado
olvidaria se
se
não me cerceassem latir.

me rotularam meigo e afetivo
inofensivo e capaz
de sofrimentos e  de entrega...
por isso , e  tão somente isso
eu suporto (tanto) todos  - sem pedigree.

sábado, 8 de março de 2014

Dia da Mulher

Dia da Mulher - Diga Não à Opressão

(perdidos na net)
 
“Time to Say No”

Diga Não à Opressão!
S.O.S. Para as Mulheres Sertanejas
By Soaroir de Campos
Março/2013


Meu background bem me permite saber o que é ter uma VIDA seca e, pelo 38º (ONU) Dia Internacional da Mulher, peço vênia para rogar por aquelas dos sertões (¹) brasileiros.

Não que outras de áridas culturas e lugares mereçam menos socorro, entre tantas as indianas, onde "Meninas são inferiores. Fardos. São mais fracas para o trabalho braçal. Valem menos do que um touro. Não cuidarão dos parentes idosos, se necessário. Tornam-se cidadãs de 2ª classe, a seguirem seus maridos como cães... Não merecem ser ouvidas, vistas ou respeitadas”.~ Rama Mani*

Entretanto, nasci neste continente sul americano onde desfrutamos de toda a liberdade que nos propõem e a nós dispõem. Por aqui estudar não é proibido, pelo contrário, o incentivo aos estudos garantiu ao nosso ex-presidente, já com 80 títulos, mais uma vez ser intitulado Doutor Honoris Causa. Neste solo a lei nos garante o divórcio, ser gay ou lésbica depende do livre arbítrio, ser macumbeiro ou testemunha de Jeová também. Mas, ainda, temos sonhos. Os meus foram pisar no sagrado chão das inacessíveis catedrais, dividir os palcos com as ciências e com as artes imortais e, a qualquer custo, me manter distante da frisa dos ignorantes. Quase desisti diante dos desafios, logo após o primeiro ato.

A Grande Muralha da China, Machu Picchu, Everest, ah, nada que me tirasse o fôlego constava de meus projetos. Talvez ir a Jordânia ver de perto o monumento de Petra, voltar ao Rio e fazer poesia sob os Arcos da Lapa... Coisas assim, simples, de meros mortais foi o que sonhei... Mas eu me quedei em prol da educação de meus dois filhos hoje cientistas. Mas isso faz décadas. Hoje estou velha e pouco, efetivamente pouco vejo para o futuro da mulher anciã. E garanto: é coprológico envelhecer independentemente do lugar. Tem a volta do velho bidê, criados mudos e geriátricos panos de fundo; buço grosso em lábios finos, gengiva baixa em boca murcha; corpo leve em amplo colchão marcado por lembranças e manchas de tempos e de corpos dantes perfumados de “Royal Brial” e “Old Spice”. Contudo, diante do meu prato cheio, da água mineral, do gás encanado e dos recursos providos pela tecnologia, eu ainda sonho, mas sigo em frente lambuzada de protetor solar para desestimular o lúpus eritematoso. Diferentemente da irmã sertaneja que de couro curtido, após um dia de labuta, se estira em uma tarimba, que com sorte, coberta por uma esteira de tabúa.

Para ela, o seu maior sonho não é ter de volta os dentes, já que o que lhe sobrou para mastigar foram os mesmos sobejos engolidos por seus ascendentes. Tampouco ser analfabeta lhe pesa. Ela - não canta ou dança ao folclórico som mais conhecido de sua região - ajoelha-se e pede a Deus que não permita que suas tripas consumam sua fé enquanto aguarda por uma cuia de maná - limpa os olhos marejados, encardidos, amarelados pela fumaça da lamparina e a inanição e replica que Ele tenha piedade e mande chuva para que a cacimba volte a minar e o milho e o feijão voltem a brotar.

Em seu casebre de chão batido e cobertura de sapê, ela se roça no fogão a lenha balangando no ar a magra mão sobre uma velha vasilha enferrujada com resquícios do último ensopando de caruru fervido na água apodrecida. E reza: por um caminhão pipa, por água para beber – bolsa família (75,00) seria uma benção, se tivesse onde comprar uns grãos -. Oh Deus! Ela treplica, só queria ver a terra brotar (antes que nela eu me deite) e através de meu suor calar a boca do meu estômago e a dos meus filhos famintos.

E, como seus antepassados, esperança em seu “Padin Padre Ciço” de não ser enterrada como indigente e solta o ultimo suspiro prometendo aos filhos que um dia tudo ainda vai miorá.

(Texto sem revisão)


¹ 1. Lugar inculto, afastado de povoações.
  2. Floresta no interior de um continente, longe da costa.

* Rama Mani é escritora, diretora de cursos do Centro de Política de Segurança de Genebra e membro do Conselho da “Coalizão Global: Mulheres Defendendo a Paz”, autora dos livros de jornalismo político, entre outros, Beyond Retribution: seeking justice in the shadows of war (2002) e Physically Handicapped in Índia, policy programme (1988).


Mini Biografia:

Soaroir Maria de Campos – Campos dos Goytacazes – RJ,/Brasil 1947. Entre contos e crônicas tem nove antologias de poemas publicadas. Professora aposentada é membro da AVSPE, Poetas del Mundo, Recanto das Letras, Luso Poemas, e outros.
Blog: http://pote-de-poesias.blogspot.com.br/
E-mail: soaroir@yahoo.com

(Para: Pen Club.at)

segunda-feira, 3 de março de 2014

Trens para Felicidade

(perdidos na Net)

"All aboard!" ou (Trem para Felicidade)

by Soaroir de Campos
9/6/09





imagem/google/lugaresepaisagens.blogspot./cemiterio-dos-trens-bolivia.

       
                 


Na bagagem só coisas de necessidade
Confiança, e alguns lógicos medos
Mas na aduana acusou excesso de peso
O que poderia haver de tão pesado
Além da ansiedade
Para chegar à Felicidade?
Esvaziei parte da expectativa
E metade do passado
Com suas promessas
O egoísmo eu descartei
Saudades pendurei nas costas
Só o amor eu carreguei na mão.
Reordenados os pertences
Fui em frente na viagem
Rumo à Felicidade
Sem nenhum peso
Só a minha consciência
Logo após do “all aboard!”
 
 
Soaroir
Mote: "A arte de ser feliz"