Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Ao Entardecer

By the Dusk - Ao Entardecer

AO ENTARDECER...
© Soaroir Maria de Campos
Out.2007


o universo pára ao entardecer
maritacas se refugiam em qualquer lugar
os cães adormecem enroscados à cauda
a dormideira se prepara para a segunda-feira

o universo pára ao entardecer
jovens ansiando pelo novo sol
velhos cabeceando seu crepúsculo
padres orando por suas almas

o universo pára ao entardecer
para a rolinha retornar ao ninho
as naus vergarem seus mastros
o âmago encerrar-se em claustros

o universo pára ao entardecer...
ante a paleta de Maguetas.

São Paulo/SP-Br - Out.30/2007


Free translation:

the universe halts by the dusk
maritacas¹ take refuge everywhere
dogs asleep round their tails
mimosas readying for the Monday

the universe halts by the dusk
young waiting for the sunrise
elder heading their twilight
preachers praying for their souls

the universe halts by the dusk
for the columbina returns to its nest
ships bend their masts
and the soul encloses in cloisters

the universe halts by the dusk
before Maguetas’ palette

¹ - Pionus bird
Soaroir de Campos :

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Doida Sabiá

(perdidos na Net)

(reedição)

Tempo de Mariscar

© Soaroir 03/09/08
http://pote-de-poesias.blogspot.com




doida sabiá.
como eu, se refestela
ainda de madrugada.
- tirri –trirô , trirô, truri-truri, tirri-trirô.
com mais vigor avisa ela:
- é tempo de Primavera.
- tirri –trirô , trirô, truri-truri, tirri-trirô.
hora de largar o ninho, ir mariscar.
grita como uma maluca:
-tirri –trirô , trirô, truri-truri, tirri-trirô.
andorinhas fazem verão.
fugindo de pastos raros
bandos surgem no horizonte
atendendo a sabiá.
-tirri –trirô , trirô, truri-truri, tirri-trirô.
até o mundo inteiro acordar.


 
 Soaroir em 08/10/2011
Código do texto RL: T3264507
Classificação de conteúdo: seguro

Coisas de Cotovia

(Perdidos na Net)

COISAS DE COTOVIA

Soaroir 2006
 
Eu, Cotovia

Outro dia ouvi dizer que Deus perdoa mais àqueles que amam demais, e que são palavras de Jesus. Não há como duvidar, já que foi Ele quem também disse amai-vos uns aos outros. No entanto, para esta receita Ele não disse o que fazer com o que vai sendo desconsiderado, já que em toda essa massa os ingredientes levedam juntos, mas nem sempre crescem do mesmo modo. Eu pergunto, mas é silêncio até do vento.Do relógio que já não faz mais tic-tac. Só os periquitos ao longe dão sinal de existência, porém não respondem:

- Não tem mais caniço ou samburá; pescas de juquiá, sardinhas soltas no mar; ou girinos no riacho; nem mais pés de cambucá. Não há mais pisar descalço na areia nem outros com quem, sem medo, arrulhar.

Ao longe canta ininterruptamente um canário de sua gaiola. Cantaria ele de tristeza pela prisão ou em busca de companhia? Ou é só por coragem de sentir dor? Por não mais poder voar? Não entendo de coisas de canários, somos passarinhos diferentes, mas quisera poder interpretar!

Eu, cotovia fujona, desviada e debandada, sou agora livre retirante. Poderia voar se quisesse, mas não sei /por/ para aonde ir. Acostumei me a não depender do sol para acordar ou da noite para me recolher, nem da chuva sei mais como me proteger. Com as garras já carcomidas não posso mais nidificar e minha bela plumagem, outrora brilhante, necessária para me acasalar, há muito se desbotou. Nem mesmo a minha melodia eu sei mais como entoar! Sou mais uma cotovia que desaprendeu se sustentar.

Ha /vejo ainda alguns sabiás que, não estando, sendo mais do cerrado, ciscam procurando o que podem achar, beliscando nos capins que transportaram pra cá. Mas, outro dia soube, ouvi que um partiu molestado: aspirou mais do que podia do que achou enterrado, e lhe consumindo o sistema, ele agonizou  envenenado.

Mas eu? Cotovia? Ah! Se eu desse vazão ao instinto... Arribaria ao amanhecer já que não estou mais engaiolada. Mas, desaprendi de amar, e não posso mais avoar... Deus, Vós podeis, poderias? A este(a) também perdoar?

Coisas de cotovias...

$oaroir,Maria de Campos
22/01/2006

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Lamento de Um Cego

Lamento de um Cego
© Soaroir 19/2/2014

 

Olhei, deveras pouco, em teu olhar,

Enquanto lidavas com este plano...

Quando vinhas, ficavas ou partias

Até se ir para nunca mais voltar.

 
Não vejo mais o teu olhar

Sem rever aquela fotografia

Aquela que me deste um dia
 
Pedindo para eu guardar.


 Hoje pressinto que bem sabias

Que o que (eu) não via em teu olhar

Um dia eu viria a lamentar

Diante desta tumba fria...
 

(Mote: em teu olhar)


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Sinfonia das Matas

"Sinfonia das Matas"
Mote da semana/Ciranda de Poesias

Tigre, Tigre
by Soaroir de Campos
Fev.12/2014




Saudade do tempo que livres
Vagueávamos por nossa morada
Marcando nosso território
Com o aspergido de nossa mijada;
 
Tempo em selvagens bosques
Sem máculas, coleiras ou chips
Bebíamos das cristalinas fontes
Que conosco Ele plasmou
 
- Tigre, tigre, que vil ser
Te nega tal paraíso
E te desnuda o viver?
 
Ainda, com os mesmos andrajos,
Descosidos frente, costas
E os versos, bordados
E chuleados vícios arraigados...
 
Agradecemos a bondade do homem
Por destruir nosso habitat
Em troca do zoológico climatizado.
 
(titulo com ref. ao poema de William Blake)