Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06
Mostrando postagens com marcador perdidos na net. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador perdidos na net. Mostrar todas as postagens

sábado, 8 de março de 2014

Dia da Mulher

Dia da Mulher - Diga Não à Opressão

(perdidos na net)
 
“Time to Say No”

Diga Não à Opressão!
S.O.S. Para as Mulheres Sertanejas
By Soaroir de Campos
Março/2013


Meu background bem me permite saber o que é ter uma VIDA seca e, pelo 38º (ONU) Dia Internacional da Mulher, peço vênia para rogar por aquelas dos sertões (¹) brasileiros.

Não que outras de áridas culturas e lugares mereçam menos socorro, entre tantas as indianas, onde "Meninas são inferiores. Fardos. São mais fracas para o trabalho braçal. Valem menos do que um touro. Não cuidarão dos parentes idosos, se necessário. Tornam-se cidadãs de 2ª classe, a seguirem seus maridos como cães... Não merecem ser ouvidas, vistas ou respeitadas”.~ Rama Mani*

Entretanto, nasci neste continente sul americano onde desfrutamos de toda a liberdade que nos propõem e a nós dispõem. Por aqui estudar não é proibido, pelo contrário, o incentivo aos estudos garantiu ao nosso ex-presidente, já com 80 títulos, mais uma vez ser intitulado Doutor Honoris Causa. Neste solo a lei nos garante o divórcio, ser gay ou lésbica depende do livre arbítrio, ser macumbeiro ou testemunha de Jeová também. Mas, ainda, temos sonhos. Os meus foram pisar no sagrado chão das inacessíveis catedrais, dividir os palcos com as ciências e com as artes imortais e, a qualquer custo, me manter distante da frisa dos ignorantes. Quase desisti diante dos desafios, logo após o primeiro ato.

A Grande Muralha da China, Machu Picchu, Everest, ah, nada que me tirasse o fôlego constava de meus projetos. Talvez ir a Jordânia ver de perto o monumento de Petra, voltar ao Rio e fazer poesia sob os Arcos da Lapa... Coisas assim, simples, de meros mortais foi o que sonhei... Mas eu me quedei em prol da educação de meus dois filhos hoje cientistas. Mas isso faz décadas. Hoje estou velha e pouco, efetivamente pouco vejo para o futuro da mulher anciã. E garanto: é coprológico envelhecer independentemente do lugar. Tem a volta do velho bidê, criados mudos e geriátricos panos de fundo; buço grosso em lábios finos, gengiva baixa em boca murcha; corpo leve em amplo colchão marcado por lembranças e manchas de tempos e de corpos dantes perfumados de “Royal Brial” e “Old Spice”. Contudo, diante do meu prato cheio, da água mineral, do gás encanado e dos recursos providos pela tecnologia, eu ainda sonho, mas sigo em frente lambuzada de protetor solar para desestimular o lúpus eritematoso. Diferentemente da irmã sertaneja que de couro curtido, após um dia de labuta, se estira em uma tarimba, que com sorte, coberta por uma esteira de tabúa.

Para ela, o seu maior sonho não é ter de volta os dentes, já que o que lhe sobrou para mastigar foram os mesmos sobejos engolidos por seus ascendentes. Tampouco ser analfabeta lhe pesa. Ela - não canta ou dança ao folclórico som mais conhecido de sua região - ajoelha-se e pede a Deus que não permita que suas tripas consumam sua fé enquanto aguarda por uma cuia de maná - limpa os olhos marejados, encardidos, amarelados pela fumaça da lamparina e a inanição e replica que Ele tenha piedade e mande chuva para que a cacimba volte a minar e o milho e o feijão voltem a brotar.

Em seu casebre de chão batido e cobertura de sapê, ela se roça no fogão a lenha balangando no ar a magra mão sobre uma velha vasilha enferrujada com resquícios do último ensopando de caruru fervido na água apodrecida. E reza: por um caminhão pipa, por água para beber – bolsa família (75,00) seria uma benção, se tivesse onde comprar uns grãos -. Oh Deus! Ela treplica, só queria ver a terra brotar (antes que nela eu me deite) e através de meu suor calar a boca do meu estômago e a dos meus filhos famintos.

E, como seus antepassados, esperança em seu “Padin Padre Ciço” de não ser enterrada como indigente e solta o ultimo suspiro prometendo aos filhos que um dia tudo ainda vai miorá.

(Texto sem revisão)


¹ 1. Lugar inculto, afastado de povoações.
  2. Floresta no interior de um continente, longe da costa.

* Rama Mani é escritora, diretora de cursos do Centro de Política de Segurança de Genebra e membro do Conselho da “Coalizão Global: Mulheres Defendendo a Paz”, autora dos livros de jornalismo político, entre outros, Beyond Retribution: seeking justice in the shadows of war (2002) e Physically Handicapped in Índia, policy programme (1988).


Mini Biografia:

Soaroir Maria de Campos – Campos dos Goytacazes – RJ,/Brasil 1947. Entre contos e crônicas tem nove antologias de poemas publicadas. Professora aposentada é membro da AVSPE, Poetas del Mundo, Recanto das Letras, Luso Poemas, e outros.
Blog: http://pote-de-poesias.blogspot.com.br/
E-mail: soaroir@yahoo.com

(Para: Pen Club.at)

sábado, 1 de dezembro de 2012

No Cais do Mundo

(Coleção "Perdidos na Net")

No Cais do Mundo
Soaroir 25/04/08

Sentada no cais do mundo esperei

De verão a verão sua chegada

Vi navios indo e vindo

E você qual nada!

Desisti...

Felicidade parece —

Inesperada.

Manifestos

Coleção "Perdidos na Net"

MANIFESTO DE AMOR

Manifesto
Soaroir 25/05/07

os meus olhos te encontraram
e te olharam, longamente...
os teus olhos, me fitaram
demoradamente...
desde então, nunca mais vi
nem senti
outro olhar em  minha vida...

II

Endosse
Soaroir 25/5/07- 10:00h

tua liberdade alucinou os meus sentidos!...
avistei a felicidade
em mundos desconhecidos...
fascinou-me a expressão forte
de liberdade e de desejo
em tua pousada.

III


o encontro ditado por um olhar.
talvez fora á vista primeira.
e o desenconto por deixar voar,
poderá durar uma vida inteira.
perdoi-me cara poeta, mas teus versos entrou de tal forma, que não pude calar-me. beijos.
DE: faustopoti 27/5/07

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O poeta que não calculava

Coleção - Perdidos na Net

o poeta que não calculava


Queria escrever mais, mas ainda me falta o dote;
o tempo não ajuda apesar do mote;
a estação outono abriu sem sol;
fico eu na plataforma plantado, pensando
no alpiste que acabou, nos passarinhos que migraram.
Minhas flores estão murchas, mesmo aguadas há pouco viço.
Estou aqui incubado no mesmo vaso que os narcisos.
Bulbos encobertos esperando o adubo no fim do mês.
Quem sabe recobrirei a prima Vera.
por Bruxa Onilda da Gália em 25/03/2008
RL Código do texto: T916174
http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/916174
ps: heterônimo de Soaroir

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Eterno, só a Fome

Reedição


"The Litle Hunter" Analua Zoé

Soaroir
19/7/09
(Num dia triste)


nunca soube nada de eternidade
na véspera, eu acordei órfã
no dia, sai para sobreviver
não brinquei na furta-cor das balebas
no chão batido pelo jogo de malhas
que o destino em meu caminho jogou
retorno sempre, como um pequeno caçador
sempre aprendiz nas escolas convividas
com vida - e imaginários amigos a comer

a caça não caçada, mas apanhada
pela fome
por mais um dia
entre outros mortos.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Poesia antiga

AMOR ENTREATOS

By Soaroir

AKANKE – Conhecendo o Amor
I
Amor cacos pra vida

introdução e efeitos
intérprete dramático
repertoriado cômico
pano de boca
palco anacrônico
alumia as ausências

Amor de grego

ágape afetos perfeitos
eros bruxo acrobático
anteros comediante atônico
platéia pouca
philia profético randômico
encena nas carências

Amor começo

semeadura de eitos
ardor magmático
desconhece o agônico
dança louca
florescente adônico
ramifica essências.

II
Amor chegança

com hora de saída
cheiro de criança
colo de rapariga
eterna lembrança
de mãe a barriga

Amor inocente

pura vertente
corre pros braços
transborda pureza
deságua no espaço
cristalina certeza

Amor diamante

brilho agramático
engastado no peito
passado extático
presente imperfeito
futuro acromático.

III
Amor de rastos

deixados no eito
presentes pegadas
futuros desfeitos
ausências marcadas
passados confeitos.

Amor pragmático

orgulhoso resultado
embala a descendência
melhor teria amado
se encontrado aquiescência
culpa do tempo
falta de deferência!

Amor confraria

representação de papel
opereta em pantomima
ato do encerramento
banzeiro o amor lastima
não ser peça pra testamento.

$oaroir 4/8/06